terça-feira, 18 de agosto de 2009

Contos da Lapônia – Tomo II – A donzela e o soldado



Ps: Não se esqueçam de ver as imagens que Neva Branca fez. Eu adorei. Comentem, façam uma desenhista feliz. Se fizer a autora da historia feliz também, serei muito grata. XD


Sumário: Um reino afastado de muitos outros reinos da Europa, sofria não só com o imenso frio, como também com uma guerra civil que durava quase 20 anos. A solução seria a volta da herdeira legitima ao trono, ou alguém que se passasse por ela...



Capítulo I - A donzela e o soldado

- Está muito frio ai. Venha para dentro da carruagem. – a outra pessoa nada respondeu, mantendo seu olhar atento na floresta. – Chame os soldados e peça que façam nossa escolta.

A mulher de cabelos loiros desistiu de sua insistência ao ver que a pessoa que estava fora da carruagem, caminhando na neve, segurava o punho da espada, fazendo um gesto para que se abrigasse. Não tardou muito para saber o motivo para a preocupação da outra pessoa. Dois homens armados com espadas e arcos surgiram repentinamente na frente da carruagem fazendo os cavalos relincharem assustados.

- De onde você é, estrangeiro, que usa roupas tão estranhas? – perguntou o da direita que vestia peles de animais por todo o corpo.

- Tire o capuz para que possamos ver seu rosto. – mas sua ordem não foi obedecida pelo estranho que usava roupas escuras cobrindo o rosto e parte da cabeça, tendo uma longa capa feita de pele de urso aquecendo suas costas. Isso deixou o homem bufando de raiva contida.

- O que traz ai na carruagem? – continuaram sem resposta, mas deu para perceber que estava pronto para atacar se necessário. - Ou ele não entende o lapão, ou então é surdo.

- Melhor ainda. Não poderá reclamar depois.

Os dois homens dirigiram-se para a entrada da carruagem. A pessoa que nada disse todo o percurso sacou a espada agilmente interpondo ela entre os dois e o transporte. Os dois deram alguns passos pra trás, e sacara as espadas também. Cortando a rédea do cavalo que acompanhava o ser misterioso com um golpe de espada, logo se iniciou uma pequena batalha. A pessoa mascarada lutava ferozmente, sem dar espaço para erros, como se já estivesse enfrentado varias batalhas. Seus golpes eram precisos e cautelosos. No momento que se defendia de um, o outro atacava pelas costas. Desviando para o lado, acertava-lhe um chute em seu abdômen.

- Escória deste reino, emboscando pessoas nas entranhas da floresta. – um homem loiro que aparentava aproximadamente trinta anos gritava para os dois que atacavam o estranho e a carruagem.

- Atacar!! – gritou um dos homens que atacava a carruagem para a floresta assim que o outro homem surgiu com espada em punho.

O sujeito encapuzado que até então apenas se defendia, atacou os dois sem piedade, avançando em direção ao grupo de uns dez guerreiros que saia de seus esconderijos. O recém-chegado também partiu pra cima, cravando a espada no peito de um deles. Ele olhou admirado para o guerreiro desconhecido que neste exato momento desferia um pontapé para livrar sua espada do corpo moribundo, e já partia para atacar outro com a mesma fúria. Sua agilidade era impressionante. Estranhou suas vestimentas e a espada que usava. Era meio larga, mas de espessura fina e um pouco curva. Era realmente algo que nunca tinha visto em sua vida. Um movimento num arbusto afastado chamou sua atenção. Infelizmente era tarde demais para avisar o estrangeiro que recebeu uma flechada no braço direito. Esperava que a estranha pessoa tentasse fugir, ou cambaleasse ao sentir a dor do músculo rompido, mas não. Continuava enfrentando os outros até que parou de lutar ao ver que batiam em retirada. Quando o rapaz de longos cabelos loiros aproximou-se do estranho, este jogou uma faca em sua direção, acertando em cheio o arqueiro escondido no meio do mato atrás dele. Olhou embasbacado para o estranho que agora utilizava um pedaço de pano para limpar a lamina da espada, como se nada de especial tivesse acontecido.

- Não! Seu braço está assim por minha culpa... – a mulher que estava se protegendo dos intrusos saiu da carruagem preocupada ao ver a flecha fincada no braço.

- Não se preocupe, jovem dama, o ferimento dele não foi tão grave quanto parece. – olhando para o desconhecido guerreiro, percebeu sua tensão ao ver que se aproximava da carruagem. – Não precisa assumir essa postura de defesa. Sozinho poderia ter se ferido mais.

- Então você nos ajudou? Nem tenho como agradecer.

O rapaz de longa cabeleira loira desviava o olhar da carruagem para a jovem. Seu olhar era enigmático.

- Não me lembro de tê-la visto por estas paragens, no entanto, seu rosto me parece familiar, e sua pronuncia do meu idioma é perfeita. Perfeita até demais.

- Aprendi com uma pessoa daqui. – viu pelo rosto do rapaz loiro de cabelos longos olhava com certa descrença – Somos nômades que vai de cidade em cidade para entreter as pessoas. Deve ser por isso que achou meu rosto familiar.

- Desculpe-me por fazê-la sentir-se obrigada a responder minhas indagações, mas todo cuidado é pouco nestes tempos difíceis. Para remediar, convidarei que me acompanhem a casa de um amigo.

- Obrigada. Ao que parece não tenho outra escolha senão a aceitar o convite. Como vê, ele precisa de cuidados.

A jovem entrou na carruagem, o tal soldado estranho pegou seu cavalo que pastava próximo, e todos seguiram o caminho floresta adentro.

- Neste país cavalos não são muito úteis.

- A não ser que estejamos no verão como é o caso. – respondeu a moça prontamente.

- Vejo que conhece mais do que mostra saber sobre meu país.

- Naturalmente. Temos que saber onde pisamos para poder dar o segundo passo sem cair.

- O que há com esse rapaz que a escolta? Sempre silencioso como um túmulo.

- É um guerreiro sarraceno, por isso desconhece o sami. E mesmo que soubesse, não pode falar porque é mudo.

- Ora, o que descobri... conhece tanto meu povo que conhece a outra designação para o idioma local. – a jovem calou-se, e ele quebrou o logo silencio após alguns minutos percorrido pelo caminho – Finalmente chegamos. Baixem as armas, rapazes. Viemos ver seu senhor.

Minutos depois um homem por volta de seus 33 anos surgiu em sua frente. Cabelos curtos e ruivos. seu sorriso morreu assim que viu o estrangeiro ao lado da carruagem:

- Meu amigo. – dizia olhando desconfiado para as pessoas que acompanhavam o rapaz de cabelos loiros – Fiquei preocupado quando um de meus caçadores disse ter avistado partindo rumo ao rio Tana. Quem são esses que o acompanham?

- São nômades que entretêm pessoas... – deu um leve tempo, como que estivesse pensando dizer mais alguma coisa - Foram atacados na floresta.

- Com um soldado escoltando? Principalmente quando se percebe que é estrangeiro...

- O que está querendo insinuar, meu senhor? – a moça inquiriu indignada com aquele comentário.

- Não estou querendo insinuar nada, moça... ainda. Nosso reino passou por muitos problemas no passado, no entanto, nossa regente consegue ser pior que seu antecessor. Tem feito os nobres perderem suas posses.

- E o senhor se encaixa nesta classe?

- O jantar está servido, meu senhor. – avisou a senhora de idade que havia acabado de sair da casa.

Os três foram convidados a entrar, sentando-se cada um a mesa, e se fartando com a grande quantidade de carne. O homem que parecia ser o dono da casa perguntou para a jovem:

- E ele, não vai comer?

- Não se preocupe com ele, meu senhor. Comerá no momento apropriado. Mas o senhor não respondeu minha pergunta.

- Nestes tempos difíceis os estrangeiros são maus vistos por todos. Principalmente quando pergunta mais do que deveria. – o homem replicou com voz rude.

- Desculpe-me. Foi apenas uma curiosidade tola.

Todos terminaram seu jantar sem nenhum outro comentário e logo um quarto foi providenciado para os hospedes. Cada um recolheu-se a seus quartos.

- A hostilidade paira no ar em qualquer canto que possamos pisar. Talvez não tenha sido uma boa idéia vir para cá com todo essa crise. Ainda mais sozinhos... Acho melhor deixar essas questões para amanha. A caminhada foi longa, e o cansaço já impõe seu lugar.

O tal soldado já havia terminado de comer enquanto sua senhora falava na intimidade do quarto, e sai deixando-a se preparar para dormir. Uma hora depois, o homem de cabelos loiros aproxima-se do estrangeiro que dormia agachado em frente a porta. Antes mesmo de tocar o ombro do tal estrangeiro, sentiu uma faca em sua garganta. Todo aquele tempo, e ele só estava fingindo dormir:

- Espere, só preciso avisar sobre os perigos a sua senhora.

Antes de pensar em bater na porta, está já se abria:

- Entre. – dizia a jovem dando passagem para o homem loiro para permitir que outros continuassem a dormir. Assim que ele o fez, a jovem fechou a porta e se pronunciou encarando-o – Meio tarde para conversar, não?

- Tem um ar muito confiante, garota. Típico dos verdadeiros nobres lapões.

- E você fala como se fosse íntimo dos nobres.

- Nobres é o que não falta em nossas terras. Alguns perderam seus títulos e terras. No lugar deles surgiram estrangeiros. Foram criados mais títulos apenas para reforçar o poder de nossa regente.

- Que deve ser muito generosa. – comentou a moça com sarcasmo.

- Você não sabe os perigos que cercam este reino. Principalmente para estrangeiros. Todos querem encontrar a princesa Birgitta, que foi enviada a terras longínquas quando ainda era criança. Algumas pessoas a querem encontrar para ganhar a recompensa que a regente disponibilizou. Outros a querem para matá-la, e poucos para que ela tome seu lugar por direito. Dentro de vinte dias, a princesa completará 22 anos, e se não aparecer, o trono será passado para a filha bastarda do falecido rei Alcidamo.

- Não há nada que se possa fazer sobre esta questão? – o rapaz loiro olhou-a com profundidade, e ela continuou, tentando demonstrar falta de interesse – Muito comovente a sua historia, mas acho que se essa princesa ainda existir, jamais voltaria para encontrar-se com a morte.

- Então não me resta outra saída... Como você tem todas as características da nobreza, a desposarei e anunciarei que é nossa princesa.

- Não pode fazer uma coisa dessas. A lei do reino diz que se um homem deseja tomar uma mulher a força, deverá enfrentar seu defensor e ganhar. – ela viu o sorriso satisfeito do rapaz e tentou explicar – O senhor que me ensinou o sami me contou isso para o caso de encontrar um homem inescrupuloso como você.

- Continua a dizer coisas que revelam sua origem, jovem dama. Mas saiba que essa lei não funciona mais neste mundo corrupto.

- Afaste-se de mim ou grito. O soldado entrará aqui e...

Ele ficou surpreso com a forma que ela disse aquilo. Estava mesmo disposta a acordar todos se achasse preciso. Era muito corajosa, afinal sabia que só contava com o estrangeiro para defendê-la. Algo dentro dele fez com que se manifestasse uma profunda admiração por ela:

- Farei de acordo com a antiga lei se isso serve do consolo e deixá-la calma. Tem apenas três dias para encontrar seu defensor.

O homem loiro saiu do quarto e o guerreiro sarraceno observou-o com a visão estreitada. Adentrando o quarto, pôde perceber a agitação em que ela se encontrava.

- Sei que escutou tudo de onde estava e sei que jamais me deixaria correr perigo. No entanto quero pedir que chame Bermondo para ser meu defensor. Sei que tem seu orgulho, mas com o braço ferido receio que perderá mais do que apenas uma batalha.

O guerreiro nada respondeu o que dava a certeza que não se importava com o apelo da jovem. Ela sabia que seria perda de tempo tentar fazer aquela pessoa fazer o que pedia. Tudo o que restava era rezar e esperar que nada de mal aconteça. O guerreiro sentou-se em frente a cama de feno e a jovem deitou esperando que o sono viesse logo. Mal fechara os olhos e já abria novamente. Não foi uma das melhores dormidas que a jovem já tivera. Olhou para a janela vendo que o guerreiro retirava um pequeno pedaço de papel que estava na pata de um falcão. Leu rapidamente a mensagem, e entregou a jovem, saindo logo a seguir com a espada em punho.

Continua...

Finalmente consegui fazer meu primeiro original. Ebaaaaaaaaaa!!! Desculpem por não comentar muito sobre este capítulo, é que to com uma gripe daquelas. Prometo que no próximo escrevo um pouquinho mais.

Bom, espero que tenham gostado.

Até o próximo capítulo.

Bjs

Excursão pelo conteúdo...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Assassina e o Cavaleiro- 7º Causa e consequência – parte I

Deixando de lado suas convicções, sua posição, tudo, ele a segurou firmemente pela cintura, colando seu corpo ao dela e beijando com sofreguidão até que ambos soltassem um gemido desesperado. Erguendo-a do chão, sentiu que ela enlaçava sua cintura com suas longas pernas sem interromper o beijo. Kamus carregou-a em direção ao quarto, deitando-a em cima da cama de casal colocando seu corpo contra o dela. Afastando-se um pouco, Kamus tentava tirar a camisa justa dela. Estava tão difícil concentrar-se que sem paciência rasgou a blusa, fitando aqueles olhos que transbordavam desejo:

- Que tipo de demônio é você, para me dominar dessa maneira e me fazer esquecer quem sou?! – sussurrou Kamus ao pé do ouvido dela, enquanto sentia as mãos pequenas descendo perigosamente pelo cós da calça que ele usava.

Já tinha começado a tirar a camisa quando um ruído se fez presente naquele ambiente em que há pouco segundos só se ouviam os gemidos de ambos. O ruído foi se tornando um barulho insistente. Sasha acordou de seu devaneio e tentava alcançar o objeto que havia posto encima do criado-mudo assim que checou o apartamento. Kamus segurou sua mão:

- Deixe tocar. – dizia com a voz rouca de paixão.

- Nem preciso ver pra saber do que se trata.

Sasha disse empurrando o corpo dele para que pudesse sair dali. Sentou-se na beirada da cama com a cabeça escorada pelas mãos. Parecia querer atrair um pouco de juízo em seus pensamentos. Levantou-se em um salto, indo para o armário onde retirou algumas roupas. Terminou de despir-se sob o olhar atento de Kamus, e trocando de roupa falando sem um pingo de emoção:

- Assim que se recompor parta daqui e esqueça este lugar. De preferência esqueça o que aconteceu hoje. É para seu próprio bem. E não se preocupe com a porta, ela se fecha ao encostar.

- Irei com você. Quero saber quem está por trás destes assassinatos.

- Quer criar mais problemas ainda pra mim? Será que já não basta pra você ter visto meu rosto e saber a localização de um dos meus apartamentos? O que você quer mais, hein? – Sasha estava muito nervosa. Quando viu que havia sido muito rude, tentou apaziguar – Por favor, não me procura mais. Não posso ser vista com você, nem com ninguém. O tipo de vida que levo só me permite a solidão.

Sasha pegou o Pager, guardando-o em uma pequena bolsa presa ao cinto, junto com seus outros acessórios. Pulou em uma barra que tinha abaixo da clarabóia, dando vários rodopios até conseguir impulso suficiente e saltar pra fora do apartamento.


Tempos depois


Sasha mal tinha acabado de chegar no escritório de sempre, e já foi logo recebida pelo chefe, que mostrava um olhar raivoso, desferindo-lhe uma bofetada com a mão fechada. Não esperava por isso, então foi jogada pra cima do computador com o impacto da recepção do chefe. Suas costas doíam por ter batido na quina do gabinete. Ficou lá, jogada e com um olhar assustado ao ver a aproximação do chefe:

- Depois de todos os avisos que dei, ainda persiste em continuar se oferecendo como uma prostituta. Pensou mesmo que aqueles assassinatos eram aleatórios? Não, eu mandei matar todos aqueles que já significaram alguma coisa para minha organização como um aviso. Um aviso para todos aqueles que pretendem ficar no meu caminho, inclusive você e seu amante.

- Eu os matei a toa? – Sasha sentia que as lágrimas queriam rolar por seu rosto. Estava tão frustrada por saber da verdade, que nem se importava com a constatação de seu chefe saber sobre ela e Kamus embora essa questão também fosse muito perturbadora.

- Eu te treinei para se tornar a melhor assassina de todos os tempos. Sabe o que recebo em troca? Uma garota que não para de correr atrás do que há entre as pernas do homem que interferiu na sua missão. – ele dizia isso apertando o pescoço dela com as duas mãos – Eu devia matá-la agora... Não, seria fácil demais. Você vai ter que fazer mais uns trabalhos para tentar se redimir. Deve matar não só a Saori Kido, como também Julian Solo.

O homem largou o pescoço de Sasha que tentava puxar o ar para os pulmões. Seu corpo todo doía, até mesmo a tentativa desesperada pela busca de oxigenar seu corpo parecia penosa. Aos poucos foi conseguindo controlar a respiração massageando o pescoço dolorido. Quase sem voz ela sussurra:

- Eles não devem ser pessoas malignas como disse dessa tal Saori Kido.

- E se não forem, o que pretende fazer? Acha mesmo que está em condições para escolher quem deve matar ou não? Eu fui muito condescendente em fazê-la acreditar que matava apenas quem merecia morrer. Mas agora chega! Fará o trabalho ou sofrerá as conseqüências. E você sabe sobre o que estou dizendo, não?

Ela fechou os olhos, resignada. Sabia muito bem o que ele queria dizer. Agora teria que matar duas pessoas inocentes mesmo sabendo disso. Pegou a folha de papel que indicava a data e a hora em que deveria realizar o serviço, e saiu pela janela com um olhar cabisbaixo. Chegando no alto de um prédio, deixou seu corpo cair sem forças no chão aos seus pés, e suas lagrimas até agora contidas rolavam soltas por seu rosto delicado. Sentou-se olhando sem vontade para o papel rasgando logo a seguir e gritou com raiva. Seu grito ecoava ao vento demonstrando toda sua frustração.


Uma semana havia se passado desde que Kamus havia saído daquele apartamento. As lembranças ainda estavam nítidas em sua mente. Cada palavra que Sasha havia dito, cada movimento que ela fazia contra seu corpo, até mesmo o olhar triste que ela enviou um pouco antes de deixar o apartamento. Nenhuma noticia dela. Chegou a procurar por cantos que fossem prováveis aparecer, mas nada de uma pista sequer de seu paradeiro. Para maior aflição do cavaleiro de aquário nem mesmo um assassinato havia ocorrido nestes dias. Não que fosse uma noticia boa saber que ela matou pessoas que julgava culpadas, mas sim por isso oferecer a ele uma pequena pista. Ela tinha medo de alguma coisa, isso estava claro. Mas medo de quê, ou quem? Seria tudo mais fácil se Sasha se abrisse com ele.

A reunião em que Kamus deveria ter participado se não fosse por seu afastamento da missão, acabara de chegar ao seu término, pois logo a alguns passos de sua casa descia Máscara da Morte. Um pouco mais atrás vinha Milo, com um sorriso no rosto ao ver quem o aguardava em seu templo. Kamus sabia que não podia perguntar nada sobre a missão do amigo, mas nada impedia de tentar ver se ele soltava pelo menos a data, o local e ou horário em que deveriam proteger Athena. Quando Milo aproximou-se dele, Kamus perguntou:

- E então, Milo, preparado para a nova missão?

- Sinceramente não estou muito animado. Montar guarda pela cidade não faz meu estilo. E pra piorar vou ter que ir junto com Máscara da Morte. Aquele cara pensa que é o fodão sem ser. Você sabe como ele é não é?

- Sim. Ele não faz muita questão de ser agradável. – pensou Kamus. “Saga teve mesmo coragem de chamar Máscara da Morte para pegar Sasha. Acontece que ele não mede esforços pra mostrar o quanto pode ser sádico com seus adversários. E eu tenho certeza que ela irá tentar concluir sua missão. Não posso deixar que Sasha chegue até Athena”.

- KAMUS!

- O que foi, Milo?

- Eu é que pergunto o que está acontecendo com você. Primeiro Saga te tira da missão de cuidar de Saori sem explicar o motivo, depois você parece interessado na minha nova missão, e isso é claro que me dá a entender uma certa desavença com Saga. Ou seja, você saiu da missão sem ter vontade de sair. E agora você fica nas nuvens enquanto eu fico tagarelando pro vento.

- Apenas me diga o dia e o local onde você e Máscara da Morte vão ter que escoltar Athena, Milo.

- Você sabe muito bem que não posso fazer isso. Por mais que nossa amizade seja inabalável, não é permitido revelar assuntos desse tipo a quem quer que seja. – Milo observou que Kamus enrijeceu a face, e teve certeza que algo muito sério estava acontecendo com o amigo – Não sei o que te aflige, Kamus, mas sabe muito bem que pode contar comigo pro que der e vier.

Milo seguiu seu caminho deixando Kamus pensativo, tentando encontrar uma solução para seus problemas. Agora Sasha não era apenas uma assassina pra ele. Era uma mulher lindamente jovem, e perigosamente desesperada. Dava para perceber isso no olhar dela. Kamus passou os dias seguintes à procura de informações que o levassem a reencontrar Sasha antes que ela tentasse cumprir com sua missão.

Em um grande complexo de prédios comercias encontravam-se Saori e Julian em um pequeno palanque. Atrás deles havia uma linda fita vermelha de cetim. O senhor que aparentava seus sessenta anos acabara de terminar seu discurso e entregava a tesoura cerimonial para Saori. A jovem deusa chamou Julian para que pudessem sair na foto cortando juntos a fita de inauguração do novo teatro-escola da cidade de Atenas. Seria o maior teatro de toa à cidade, e formaria novos talentos. O mais interessante nessa idéia dos dois é que crianças carentes teriam todo auxilio para sair das ruas e dedicarem a uma profissão que daria seu sustento no futuro. No momento em que os dois estavam cortando a fita, e que varias luzes dos flashes brilhavam no ambiente, surgiu uma figura toda de preto da cabeça aos pés, lançando shurikens na direção dos dois. Só uma das shurikens atingiu Julian de raspão, pois este havia se virado para sair com o rosto em algumas fotos, e ao ver uma pessoa estranha aproximando-se com pressa teve o impulso de se jogar sobre Saori, pois tinha conhecimento das tentativas de assassinato que ela passou. O restante das shurikens foram desviadas pelo cosmo de Milo que estava atento a tudo, como Saga havia dito pra ficar. Sorento já não estava mais ao seu lado. Ele foi ver como Julian estava, enquanto Máscara da Morte atacava o individuo audacioso. No meio de chutes e socos contra o assassino, surge Sorento com sua flauta em posição para soar as primeiras notas. Máscara da Morte afasta-se do individuo ao sentir o cosmo do Marina. Logo eles escutam um grito feminino vindo da tal pessoa. Tentava contorcer-se tamanha a agonia que sentia ao ouvir aquela musica infernal, mas não conseguia. Seus ossos pareciam estar sobre uma forte pressão. Seus tímpanos pareciam que iam estourar. De repente a pressão que sentia a pouco desapareceu completamente. Agora sentia algo bem diferente. Todo o ambiente estava ficando escuro, algumas coisas eram sugadas em direção a essa escuridão após escutar algo parecido com “Ondas do Inferno” vindo do homem que a agrediu. Fechou os olhos por alguns segundo e quando abriu, a sala estava tão fria...

Kamus aumentou seu cosmo entrando e atacando Máscara da Morte com um potente chute em pleno ar no exato momento em que Sasha estava perto de ser sugada pelo buraco negro criado pelo cavaleiro de câncer.

- Qual é a tua, Aquário? Está me atacando sem razão alguma. Por acaso quer morrer é?

- Não tem vergonha de usar seu cosmo contra uma garota não, Máscara da Morte? Ela nem tem consciência do que seja isso. Você...

- Quem se importa com o fato dela ter ou não cosmo? O fato é que ela feriu Posei... – Sorento interrompeu porque sabia que apenas eles sabiam quem foi Julian e corrigiu imediatamente – Julian Solo. E Saori Kido agora está desacordada. Ela deve pagar por seus crimes, e você sabe disso.

- Não permitirei que nenhum dos dois a machuquem mais ainda... Trovão Aurora!



Continua...

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Assassina e o Cavaleiro - 6º O contrato

- Não sou tão inocente quanto pensa. Não sabe do que sou capaz de fazer para me manter no anonimato. – suas próprias palavras a fizeram lembrar de tantas vezes em que teve de matar pessoas que lhe dava informações preciosas. Tentando manter uma voz firme, começou tentando fugir dessas lembranças – Minhas ultimas missões foram anormais, totalmente fora de meus padrões.

- Não há nada de normal sair matando pessoas.

- Se você soubesse o que eles fizeram... O sujeito que matei na segunda-feira era capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que queria. Matar uma pessoa apenas para ter alguns instantes de entorpecimento é muito vil. – parou um pouco para tomar fôlego – Não gostei nada de matar o segundo da lista com um rifle. Não faz o meu estilo matar sem olhar bem nos olhos e ver se é mesmo quem devo matar.

- Tudo por receio de não receber o dinheiro de seu contratante?

Ela o olhou com um olhar magoado, esperava que ele a ouvisse sem condená-la, mas ao que parece havia se enganado.

- Talvez não tenha sido uma boa idéia trazê-lo aqui, eu apenas achei que pudesse... – suas palavras morreram em sua garganta, quando sentiu que o choro que tentava conter lhe embargava a voz.

Kamus percebeu que sua atitude agressiva não estava apenas ofendendo uma assassina, mas também magoando uma menina. Uma garota que aos poucos estava aprendendo a gostar

- Espere, me desculpe eu não quis magoá-la, continue por favor.

Pegando a garrafa de Whisky bebeu no gargalo sem querer dar vazão a sua tristeza. Achou que a melhor coisa a se fazer seria prosseguir com a narração, e ai quem sabe alem dele compreender, ajudaria a cumprir sua missão:

- O outro que traficava órgãos... Aquele homem teve o que merecia. Foi lamentável ter que matar os outros que estavam escondidos, mas eu tive que tomar uma atitude pra não estar no lugar deles. Era para ser a coisa mais fácil que já fiz, matava ele quando estivesse esperando o comprador, e saia dali sem ter que enfrentar aquele tiroteio todo.

Kamus sobressaltou-se ao pensar na hipótese de que esse tivesse sido um caso corriqueiro na profissão dela, e que Sasha teve sorte até aquele momento. Tentando não mostrar a raiva que subiu a sua cabeça só de pensar na possibilidade de perdê-la a qualquer momento disse com voz controlada:

- Então concorda que corre riscos nesta profissão? – ela fez um gesto displicente, e isso fez a paciência de Kamus ir pro espaço – Quem é você para agir como júri, juiz e carrasco?

- Acha que não estudo os casos nas fichas que recebo? Nunca pego um serviço que seja necessário matar uma pessoa inocente... Embora desta vez não tenha recebido as fichas. – ela remexeu-se no sofá e continuou. – Mas isso não importa, pesquisei o máximo possível antes de executar a missão. Se você visse o terceiro, me daria toda razão de fazer o que faço. Aquele homem asqueroso... Como soube por informações que ele gostava de aliciar jovens, disfarcei-me de garota que fugiu de casa com uma mochila nas costas e um patinete nos pés. Ele mordeu a isca me levando para um motel e...

- Você o quê? – Kamus perguntou quase se engasgando com o Whisky.

- Não fiz nada disso que você ta pensando. Cheguei lá, e quando ele tentou me tocar... Foi a primeira vez que quase senti prazer em usar meu fio de nylon em alguém. – respirou fundo com um certo prazer – Mas o corpo dele está tão bem escondido que só deve ser encontrado daqui a uns cinco ou seis anos. Foi difícil fazer isso, mas valeu a pena.

Kamus encheu o copo novamente e perguntou com desgosto:

- E onde se encaixa o dono da boate?

O olhar de Sasha mudou drasticamente de um satisfeito para um infeliz. Sua voz soou embargada pelas lembranças:

- Nunca me envolvi com quem devo matar... Só que acabei conhecendo Nikolas.

- E como sempre, fez tudo ficar mais fácil depois que seduziu a vitima.

Dessa vez Sasha não resistiu a ofensa, desferiu outro tapa, que foi contido facilmente.

- Seu porco! Solte-me agora.

- Não enquanto não se controlar.

Ela se debatia querendo se soltar. Era impossível. Kamus a segurava pelos pulsos com firmeza. No meio dessa tentativa frustrada de se soltar, ela derrubou a garrafa de Whisky e o copo que caíram no chão produzindo um barulho que ecoava pelos cômodos do apartamento. Não adiantava espernear ou xingá-lo que não a soltava de forma nenhuma. Kamus chegou até a sorrir daquela cena pouco digna de uma mulher. Se queria rir de sua indignação, seria sua vez de provocar um riso para si própria. Deu uma cusparada certeira no rosto de Kamus. Este pareceu perplexo com o atrevimento dela. Já estava pensando em responder aquela ofensa da forma apropriada quando o barulho da campainha pegou os dois de surpresa. Kamus até aliviou a pressão em seus pulsos quando a viu olhar de maneira estranha para a porta. Se soltando de vez, ela levanta o tapete e um pequeno alçapão dizendo em tom baixo:

- Fique em silencio e não saia daí de forma alguma.

Kamus viu o objeto que ela havia retirado dali. Era uma pistola com um silenciador acoplado. Ela engatilhou a arma e foi até a porta sorrateiramente. Apontando diretamente onde estaria o peito de alguma pessoa, ela olhou pelo olho mágico. A cada movimento que a pessoa fazia, a arma seguia por trás da porta:

- Loren? Loren Bryce. Sou sua vizinha do andar de baixo, Stela.

Sasha coloca a arma presa em sua saia por atrás, e abre só um pouquinho a porta ao lembrar-se que conhecia aquele rosto:

- Ah, oi Stela.

- Escutei um barulho de algo se quebrando e queria saber se estava tudo bem. Sei que você quase não fica em casa.

- É que estou muito cansada da viagem e deixei o copo cair. Não se preocupe. Vou agora mesmo pra cama.

- Tem certeza que não precisa de nada, querida?

- Absoluta. Obrigada assim mesmo por perguntar.

Assim que a mulher se foi, Sasha desengatilhou a pistola, guardando-a no mesmo lugar de antes. Tudo sob a supervisão atenta de Kamus que estava já preparado para agir se fosse o caso.

- Acredito que este clima tenso aconteça com freqüência.

- Sempre fui cuidadosa em todos os aspectos. Nunca recebi visitas, então era pra ficar cismada mesmo, principalmente depois... – ela mesma se interrompeu deixando Kamus muito curioso.

- Principalmente depois do quê?

- Esqueça. – tentando mudar de assunto, entrou na coisa que estava fresca em sua mente – Eu não fui pra boate para conhecer Nikolas. Estava apenas descobrindo se eu mataria mais um canalha. Mas dei azar quando fui gentilmente abordada por ele, e quando dançamos. Cheguei a esperar até o ultimo minuto na esperança que o contrato fosse cancelado. Infelizmente tive que matá-lo.

- Matou o cara com quem passou momentos de alegria só por causa de um contrato? O que eu devo esperar de você se alguém mandasse me matar?

- O caso de Nikolas é bem diferente do seu, Kamus. Eu jamais... – Se interrompeu para não revelar aquele sentimento maluco que se apoderava de seu ser – Foi horrível a sensação de ver desapontamento no olhar de Nikolas segundos antes de morrer. Não houve dialogo. Um simples e doloso apertar do gatilho Nikolas já estava no chão com uma bala enterrada entre os olhos. Foi definitivamente a morte mais rápida pela qual fui responsável.

- Você só não contou sobre o policial. Ele merecia morrer também? – perguntou Kamus anotando mentalmente que havia algo mais por trás de todos estes assassinatos.

- Ah, então você sabe também que fui responsável pela morte daquele policial corrupto. Realmente aquele foi o mais estranho trabalho que já peguei. Não havia necessidade nenhuma de simular um suicídio na banheira e um arrombamento ao mesmo tempo. Foi difícil afogar o cara, mas entrar e sair era moleza. Em vez de sair sem deixar um vestígio sequer, tive que quebrar a janela da casa pelo lado de fora. Nenhum assassino que se preze faria algo tão amador assim. É como se aquilo fosse um aviso para alguma pessoa.

Sasha estava pensativa, e Kamus estava horrorizado com tudo que havia escutado. Tinha algo estranho naquilo tudo. Ela não parecia uma assassina que matava por prazer, nem por dinheiro embora tivesse cercada de móveis luxuosos. No entanto, não podia simplesmente deixá-la solta para que matasse mais alguém. Mesmo que essas pessoas merecessem morrer, ela não tinha esse direito. E ainda tinha a questão de que alguém ainda poderia pegá-la. Talvez um de seus companheiros. Não podia permitir que Máscara da Morte ou Shura a pegasse. Não vendo alternativa optou pela única saída mais lógica que existia:

- Depois de todas essas confissões, só há uma coisa que posso fazer. Vou entregá-la a justiça, Sasha. – fitou aquele olhar assombrado dela e continuou em um tom de voz mais brando – Farei o possível para que pague por seus crimes com o mínimo de tempo possível. Talvez pegue apenas três anos.

- Estarei morta antes de chegar a julgamento.

Ao escutar estas palavras Kamus pressentiu que estava certo em acreditar que ela não era tão culpada assim. Como um raio rasgando o céu, uma idéia surgiu-lhe na cabeça:

- Só existem duas possibilidades para você me dizer isso. Você está com um câncer terminal e resolveu fazer justiça com as próprias mãos, ou está sendo ameaçada. Conte-me Sasha, qual das duas opções é a certa?

- Já disse que você não entenderia, Kamus. Tudo o que preciso é concluir com minha ultima missão, e ai sim, me entrego a polícia. Tenho que matar Saori Kido nem que seja a ultima coisa que eu faça.

- Você quer algo difícil de se alcançar. Não faz idéia como isso é absurdo.

- E você não faz idéia de quanto eu posso ser persistente. Nem que eu tenha que recorrer a meios que não fazem meu estilo, conseguirei cumprir com meu contrato.

Ela falava com um sorriso sensual brindando em seus lábios, ao mesmo tempo em que se espreguiçava como uma felina manhosa encima do sofá. Sua saia havia levantado um pouco deixando a mostra a lingerie de renda preta quase transparente. Aquelas pernas bem torneadas completavam o conjunto que tornava a cena sexy e excitante. Muito sexy Kamus teve que admitir. Nem conseguia tirar os olhos daquela parte do corpo dela. O longo suspiro que Sasha deu chamou a atenção do cavaleiro de ouro para seu rosto. Desejava não ter visto aquele olhar de pura malicia para seu baixo ventre. Ela estava provocando, e Kamus sabia disso. A questão é se conseguiria cumprir com seu dever. Não agüentando mais, segurou sua mão, puxando-a para ficar de pé.


Continua...

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lia Fail- Capitulo II

“Quantas luas se passaram desde a ultima vez em que estive aqui?” a jovem de longos cabelos ruivos caminhava entre as arvores agora em menor quantidade que há sete anos atrás. O rio agora não tinha mais aquela cor avermelhada, e o solo voltava a ter aquela tonalidade branca da mais pura neve. Nunca tinha conseguido entender perfeitamente o que havia acontecido naquela noite. Nunca havia acontecido nada daquele tipo. Em um momento estavam todos sorrindo, noutro estavam gritando e chorando. Lembrava-se claramente de ter reunido forças e tentado oferecer um funeral digno aos mais bravos guerreiros celtas. Munia-os com suas armas, depois decepava suas cabeças com a espada que fora de seu pai, e por ultimo esmagava suas cabeças. Pelo menos assim, os melhores guerreiros conseguiria ter sua alma livre para seguir para outro corpo, e assim perpetuar a crença da alma imortal. Infelizmente, não conseguiu terminar o ritual. Percebendo que seu corpo frágil de criança não suportaria tanto desgaste físico, montou uma pilha com os corpos de todos e alteou fogo. O mau cheiro de carne humana sendo queimada adentrava em suas narinas e se alojava em seus pulmões. Para ela, aquilo mais parecia revigorar suas forças com a alma de seus entes queridos juntando suas almas com a dela. A tristeza de perdê-los foi substituída pelo ódio e um forte desejo de vingança. Depois dessa fatídica noite, pôs-se a treinar com muito afinco. Tinha que se vingar dos monstros repensáveis por tudo aquilo, e tentar encontrar algum sobrevivente. Isso se ainda restava algum sobrevivente.

- Vejo que conseguiste alcançar o que tanto almejava.

- Quem é você? - perguntou a jovem guerreira se armando com a espada pronta para atacar aquele que poderia ser um de seus inimigos que sorria da desgraça de seu povo extinto.

- Alguém que esteve observando seu desenvolvimento a distancia. – respondeu o recém-chegado calmamente.

- Isso não é possível. Estive sempre atenta, montei inúmeras armadilhas nas proximidades do vilarejo Rylie. Ninguém poderia chegar tão próximo sem que eu soubesse.

- Eu a observei a uma grande distancia, guerreira do clã Rylie. As estrelas me contavam sobre o fortalecimento de sua alma e de seu corpo.

- Um Druida!! – exclamou entre a felicidade de encontrar um sobrevivente e a desconfiança de que aquilo fosse impossível – Mas como é possível? Todos estavam reunidos para a Noite de Samhain.

- Eu avisei o que aconteceria se persistissem em prosseguir com o festejo. Por ser o mais novo dentre os Druidas, não me deram ouvidos e agora, nada há o que fazer para voltar atrás. Todos estão mortos.

- Tire o capuz, e deixe-me ver seu rosto. – a jovem Rylie aproxima-se tirando o capuz afastando-se ao ver que seu rosto – Você deveria ser apenas uma criança quando tudo aconteceu.

- Sim. Todavia minhas adivinhações sempre foram precisas. Hoje venho mais uma vez alertar sobre os perigos que corre, jovem guerreira. Será encontrada pelo que procura, e quando isso acontecer, perderá aquilo que lhe dá forças para lutar.

- E o que isso quer dizer?

- Não sei com exatidão. As estrelas me revelaram apenas isso.

- E essa revelação não é forte suficiente para demover-me da idéia de enfrentar meus inimigos e vingar meu povo.

- Você não pode continuar com essa idéia. Tudo o que encontrará é tristeza e desgraça.

- Eu já encontrei ambos há algum tempo atrás. Não é esta pedra que me dá forças, Druida. Mesmo que eu a perca, continuarei de pé, empunhando minha espada contra os inimigos. Volte para sua contemplação dos astros, enquanto faço aquilo que minha segunda vida foi concedida apenas para realizar: matar todos os inimigos e vingar meu povo.

A jovem Rylie afastou-se, levando consigo uma bolsa feita de couro de animais que continham alimentos para uma parte de sua jornada, sua espada, uma faca, um arco e uma aljava cheia de flechas. Deixava para trás um jovem druida com seus pensamentos.

- Ela é uma guerreira orgulhosa, Deusa-Mãe. Contudo, acredito que o poder que lhe foi dado é um fardo muito pesado para alguém tão jovem... Assim como o meu.

O Druida voltou-se para o antigo lugar de observação dos druidas. Era um grande circulo de pedras grandes erguidas para o alto, e bem no meio havia uma espécie de altar feito de pedra com alguns resquícios de sangue dos antigos sacrifícios. “Será que devo sacrificar um animal para tentar ver com mais clareza o que espera a jovem Rylie? Ou deveria também sacrificar um animal não só para saber o que o destino nos reserva, como também pedir proteção para os dias vindouros?” nenhuma resposta foi-lhe dada. Seus pensamentos tentavam ultrapassar as linhas do véu fino da noite de Samhain. E continuava sem resposta. Então decidiu ficar ali por longas horas apenas observando o céu estrelado. Sabia que isso poderia durar muitas e muitas luas até que conseguisse uma resposta. Entretanto, aquela noite parecia que tinha sido abençoada pelos deuses. Estava muito claro o que devia fazer. Agora entendia o motivo de tão incomum tarefa a qual foi dada a ele quando ainda era muito jovem. Pegou o cavalo que servia para sua montaria, e o outro que tinha reservado a algumas noites anterior. A única questão agora era saber se a jovem estaria disposta a receber sua companhia. Não importa. Deveria ir atrás dela, e tentar convencê-la a esquecer aquilo que movia sua alma e seu corpo. Pôs-se a cavalgar no máximo que os animais agüentavam.

“Ouço o trote de cavalos. Seja quem for, arrependerá de cruzar meu caminho”. Escondeu-se atrás de uma arvore, escutando atentamente que o trote do animal agora diminuía seu ritmo ao adentrar na floresta fechada. Muniu-se com o arco e a flecha, deixando-a armada. A tensão era grande, mas teria que esperar o momento certo para agir. Estava bem próximo agora. Saiu do seu esconderijo com a arma em punho, pronta pra disparar:

- Espere, Rylie. – mesmo com a parca iluminação vindo da noite estrelada, o Druida reconheceu logo se tratar da jovem com quem estivera a algumas horas atrás.

- Não tem noção do perigo que corre seguindo-me assim? Por pouco estaria estendido no chão sem vida. O que veio fazer aqui?

- Os astros me revelaram minha missão. Devo estar sempre ao seu lado e...

- A guerra não é lugar para um Druida, rapaz. Você pode ter um dom apurado, mas isso não vale nada em um combate.

- Somos os únicos sobreviventes do massacre de nosso povo, jovem guerreira. Devemos trilhar o caminho da busca de mais sobreviventes.

- As estrelas lhe falaram isso?

- Não exatamente desse jeito, mas...

- De qual clã você é?

- Eu... – o druida viu que ela estava com um olhar impaciente – Eu não sei.

- Como não sabe. Todos de nosso povo sabem qual clã pertence. A não ser que você seja um inimigo infiltrado. Sim, esse seria o motivo de tantas mortes. Peça a clemência aos seus deuses, pois não adiantará pedir a mim.

Ela sacava a espada e estava pronta para desferir-lhe o golpe, então ele gritou:

- Minha aldeia foi invadida por intrusos que saquearam e mataram todos. Eu recebi um golpe na cabeça, e fui deixado para trás porque acreditavam que estivesse morto. Na mesma noite meus olhos enxergaram um vulto de uma mulher empunhando uma espada contra mim. Pouco depois fui encontrado pelos druidas que cuidaram de meus ferimentos, e me aceitaram como mais novo membro.

- E eles sabiam dessa suposta “visão”?

- Sei que lhe parece inacreditável, mas eu não contei nada. Eles disseram que eu tinha sido poupado pela Deusa-Mãe para realizar uma missão. Assim como aconteceu com você, a detentora de Lia Fail.

- Somente os druidas e os deuses têm conhecimento da pedra de Fal. Acreditarei em você quanto a não ser um inimigo infiltrado em nosso povo. Mas não fique contente ainda. Nada sei sobre você. Pode ser um traidor do nosso povo. Até que eu tenha certeza de sua índole, deverá ficar ao meu lado.

“Grande Deus-Mãe, espero poder cumprir minha parte no destino dessa jovem guerreira celta. Espero também conseguir trazer um pouco de paz para seu coração tão sofrido.”

- Druida, iremos acampar aqui. Já que trouxe duas montarias consigo, não há motivos para apressar o passo noite adentro.

- Muito sábio de sua parte. A propósito, me chamo Vaughan.

- Não perguntei seu nome, Druida.

- Não é aconselhável que me chame sempre por minha colocação, Rylie. Os inimigos mostraram que desejam aniquilar nosso povo.

- Por acaso os astros lhe revelaram isso? Não importa. Na verdade você tem toda a razão. – ela percebeu o leve sorriso de alivio – Pequeno guerreiro. Um nome meio incomum para um druida não?

- Não me lembrava do meu nome nem o da minha família, e como fui o único sobrevivente da matança do meu povoado, os druidas quem me acolheram puseram este nome em mim. Como pode ver, não tenho nada a esconder.

- Ainda é muito cedo para tomar minhas próprias conclusões quanto a você, Druida.

Continua...

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Assassina e o Cavaleiro -5º Desabafo

O primeiro assassinato da semana não queria dizer que se tratasse do trabalho da mesma assassina. Mas logo no dia seguinte, mais três assassinatos em um único dia fizeram Kamus abrir os olhos para a questão. O interessante nisso tudo é que os assassinatos foram em localidades próxima.

Kamus foi até a biblioteca onde havia um computador que Saori mandou colocar para melhorar o sistema de organização do santuário. Pesquisou pela Internet, encontrando as fotos que não foram divulgadas no noticiário. A vítima da segunda-feira era um homem que fazia qualquer coisa para ter seus narcóticos. Ele morreu com a garganta cortada e a língua arrancada como se isso fosse um aviso para aqueles que tendem a falar mais do que devia. Os outros três assassinatos começaram na hora do almoço de quarta-feira quando um administrador da fundação GRAAD estava em companhia de um grande empresário no mais caro restaurante de Atenas. Ele morreu com um tiro na cabeça, vindo de um rifle militar a muitos metros de distancia. Algumas fontes dizem que ele passava informações sobre a empresa de Saori Kido a qualquer pessoa que pagasse mais. No final da tarde havia sido a vez do policial que de acordo com alguns maus-elementos diziam que ele era corrupto, e agia sobre comando de um chefão do submundo. Sua morte era estranha porque no relatório dizia que ele havia sido afogado na banheira após ter lutado contra outra pessoa. O ultimo caso da quarta-feira foi à noite, foi um médico que teve sua licença caçada por irregularidades no hospital que administrava, foi assassinado em um tiroteio em um galpão no cais de Atenas. Ele trazia consigo uma maleta própria para transportar órgãos, e dentro havia rins humanos. Não havia dúvida que se tratava de tráfico de órgãos. A questão é que morreram três pessoas fortemente armadas com tiros certeiros. Um no peito, na altura do coração e outro na cabeça. Coisa de assassino profissional, que não deixa testemunhas. Quando Kamus ia desligar o computador, surgiu algo que chamou sua atenção para a tela de LCD. Mais uma vitima. E essa não era uma vitima qualquer. Agora mesmo que suas suspeitas estavam confirmadas. Tinha que dar um jeito de sair do santuário naquela noite mesmo. Só teria folga no dia seguinte, todavia não podia esperar mais. Desligando o computador, Kamus saiu do santuário sem que fosse percebido.


Sábado de tarde

No meio da multidão, alguém segura o braço da mulher ruiva de olhos verdes, conduzindo-a para um beco próximo. Imediatamente ela o reconhece como o homem por quem por pouco havia feito perder a cabeça. Ela o segue sem oferecer resistência, como se já estivesse cansada de lutar.

- Não vou permitir que vá atrás de sua próxima vítima, não vai machucar mais ninguém.

- E o que faria para me impedir, se realmente eu tivesse essa intenção?

Sua voz tinha um tom de desafio aberto, em resposta à atitude arrogante do cavaleiro, mas também de cansaço.

Ele colocou as duas mãos na parede atrás dela, deixando-a sem saída.

-Eu deveria levá-la às autoridades e fazê-la responder pelos seus crimes, mas... – ele abaixou a cabeça por um momento deixando que o cabelo longo, lhe cobrisse parcialmente o rosto – Olhando você agora, por Athena, você é apenas uma menina, deveria estar sonhando com um futuro, não matando pessoas!

- Nem todos têm direito a isso.

A assassina agora tentava a todo custo esconder as lágrimas que escorriam de seus olhos, lágrimas que teimavam em cair mesmo contra sua vontade. Seu corpo estava tremulo. Seria outro tipo de jogada para se safar? Não, pensou Kamus. Daria-lhe o beneficio da dúvida. Puxou-a para um forte abraço, fazendo ela aninhar-se novamente em seu peito. Esse gesto permitiu que ela encostasse mais a cabeça em seu peito, tentando acreditar que ele realmente poderia protegê-la de tudo. Com voz mais calma, Kamus anunciou:

- Vamos atravessar a rua e ir para aquele café ali.

A jovem se afastou vagarosamente e disse:

- Não. Apenas me acompanhe a uma certa distancia.

- Não vai tentar fugir, vai?? – Kamus perguntou olhando profundamente naqueles olhos vermelhos pelo choro vendo que a resposta lhe satisfazia – Então ajeite a lente de contato e vamos indo.

Sem jeito, a jovem retirou um espelho em sua bolsinha e olhou através dele para verificar qual das lentes havia saído, recolocando-a no lugar. Amaldiçoou-se por ter sido a primeira vez que isso acontecia. Logo, os dois já estavam caminhando pelas ruas movimentadas em direção aos arranha-céus da parte mais luxuosa de Atenas. Não demorou muito até que chegasse em um luxuoso prédio:

- Boa noite, senhorita Bryce.

- Boa noite, All. Alguma correspondência?

- Apenas convites, senhorita. – o homem de uma certa idade entregou alguns envelopes, e depois fitou a pessoa ao lado dela – Este senhor está com a senhorita?

- Sim, sim. É o meu contador. – como sabia que o homem estranhara o fato de só agora trazer uma pessoa a seu apartamento, continuou prontamente – Sabe o quanto sou ocupada com minhas viagens constantes, e nem tenho tempo para dedicar as outras coisas importantes. Como devo ficar até amanhã ou depois, achei melhor resolver logo esta questão.

- Entendo senhorita. Só acho que deveria aproveitar mais a vida. É tão jovem para se prender a tantos compromissos desgastantes.

- Um dia eu chego lá, All. Tenho que ir agora. Há muito trabalho a se fazer, e quero dormir cedo.

Ao chegar no elevador, Kamus olhou para ela enquanto apertava o botão da cobertura, e fez um comentário zombeteiro.

- Senhorita Bryce. Não combina com você.

- E Loren? – recebeu um gesto negativo de Kamus. – Também acho isso. Chegamos. Espere aqui.

- Tenho cara de idiota por acaso? É só eu dar as costas e você fugirá novamente.

- Se eu quisesse fugir, não o traria para minha casa. E a propósito, por acaso preciso verificar o lugar. – respondeu com cinismo.

Ela olha cuidadosamente para todos os cantos da porta, vendo que não havia nenhum sinal de violação. Então, com a faca empunho, entrou sorrateiramente dando a certeza a Kamus que poderia ter sacado a arma no momento em que a consolava no beco. Pouco tempo depois, ela retorna convidando-o para entrar. Seus olhos agora tinham uma tonalidade escura, o que provava que havia tido tempo suficiente para retirar as lentes de contato. Kamus observou a sua volta procurando algo na mobília luxuosa que se identificasse com ela. Tudo parecia muito impessoal.

- Seu apartamento é muito bonito. Só é uma pena que o chão ser tão empoeirado. Nunca pensou em usar um aspirador de pó?

- E estragar a única coisa que me permite saber se tive algum intruso? Não, obrigada.

- Você poderia instalar câmeras de segurança e chegar pela Internet.

- Não deixo brechas para que descubram sobre minhas atividades. Café ou algo mais forte?

- Você precisa de uma bebida mais forte. Eu sirvo. – Kamus despejou o conteúdo de uma garrafa de Whisky em dois copos entregando um a ela que havia sentado no sofá, e sentou-se ao seu lado observando a pressa que ela sorvia a bebida – Devagar, garota, isso é forte.

Ela depositou o copo vazio sobre a mesa e o encarou com olhos desafiadores. Como era fácil para Kamus se perder naqueles olhos expressivos...

- Karen...

- Sasha.

- Como?

- Meu nome é Sasha... Ou é assim que acho que me chamo de verdade. – Kamus se mostrou confuso e ela suspirou explicando – Tenho tantos nomes quanto tenho apartamentos. Chega um momento que nem dá pra lembrar qual dessas vidas é a verdadeira.

- Com o dinheiro que deve ganhar... – ela deferiu uma bofetada certeira, e Kamus passou a mão na área afetada sem acreditar que ela havia mesmo feito aquilo – Não machucou, mas foi desagradável.

- E acha que me julgar como uma assassina que faz isso só pelo motivo fútil de ter muito dinheiro não é desagradável também?

- E o que você acha que eu deveria achar disso? – fez um amplo gesto indicando as mobílias, e ela respondeu baixo desviando o olhar.

- Você não entenderia.

Aquele olhar triste voltou a tomar conta do rosto de Sasha, e Kamus achou melhor não insistir no assunto. Por enquanto...

- Suponho que em todos os outros apartamentos você tenha os mesmos cuidados para entrar. – parou apenas para escutar um “É” como resposta, e logo continuou irritado – Acha que isto é vida para uma garota da sua idade?

- E você, que protege aquela mulher? Acho que me enganei em pensar que era inteligente o suficiente para poder julgar quem está a sua volta.

Estava cansado de procurar por ela a noite inteira. Tentar explicar a Sasha o que Saori Kido representava para ele e para a humanidade parecia ser algo difícil de se conseguir, afinal, ela já tinha julgado a deusa como o pior de todos os seres vivos. Vencido pela exaustão, soltou um longo suspiro e por fim pergunta:

- Afinal de contas, o que pretende me trazendo aqui?

Sentindo-se cansada de mostrar algo que realmente estava longe de sentir, respondeu após um longo suspiro:

- Não sei. Talvez apenas desabafar um pouco.

- Sobre o dono da boate?

- Também.

Sasha abaixou a cabeça, retirando a peruca. Kamus segurou seu queixo exigindo que ela olhasse em seus olhos. Ele pôde ver as lágrimas escorrendo de seus olhos vermelhos devido à irritação. Uma assassina sem coração jamais choraria assim depois de ter feito sua vítima. Secou as lágrimas com as pontas dos dedos, e em seguida beijou-a de forma fraternal. Deu vários outros do mesmo tipo por todo seu rosto, que a fez sorrir:

- Kamus... – sua voz sussurrava seu nome de forma tão delicada, que Kamus não teve como não a imaginar como seria se estivessem na cama, logo depois se arrependia desse pensamento leviano – Não sei o que faria se você não tivesse me encontrado.

- Estou aqui para tentar te ajudar. Infelizmente sinto-me com as mãos atadas, sem saber no que você se meteu. Para piorar tudo, tem horas que a vejo como uma assassina fria e calculista. Noutras, a vejo como uma menina amedrontada. Mas no fundo sinto que há algo que a faz agir assim.




Continua...

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terça-feira, 30 de junho de 2009

A Assassina e o Cavaleiro- 4º Jogo de sedução

Ela deixou seu corpo cair devagar para trás sob o gemido agudo de uma guitarra que marcava as primeiras notas daquela música. Ainda segurando-a pela cintura, Kamus fez com que ela se levantasse e encarasse seu olhar severo.

–Vai tentar me seduzir de novo?

Ela sorriu deixando as mãos espalmadas correrem pelo rosto bonito do cavaleiro, descendo por seu pescoço, deixando que ficassem por algum tempo sobre o tesouro que brilhava agora meio oculto sob a camisa dele, para então continuar descendo pela barriga firme.

- Gosta de dançar, senhor guardião? - as mãos dela agora desciam perigosamente por suas costas e ele ergueu uma sobrancelha de forma indagadora, quando sentiu as mãos da moça escorregarem pelas suas nádegas.

- Gosto mais eu conduzo a dama. – dizendo isso a envolveu num abraço que fez com seus corpos se colassem de maneira perigosa.

A música se tornou mais intensa e uma bateria cadenciada entraram, coordenando assim os movimentos da assassina e do cavaleiro. Novamente os olhos dela brilharam quando seu pequeno tesouro foi exposto quando a camisa fina do cavaleiro se abriu, mas não podia deixar claras as intenções que tinha com aquela dança e então como uma serpente foi escorregando pelo corpo forte de Kamus até chegar ao chão. Kamus que sabia muito bem o que ela queria mas não tinha a intenção de cair no mesmo truque retomou o controle da situação. Segurou-a pelo braço e num golpe violento a puxou para cima, fazendo com que a jovem ficasse suspensa em seus braços.

-Não vai me dominar tão fácil!

Com essas palavras ela enlaçou a cintura dele com as pernas, o vestido que usava subiu revelando as pernas impecáveis, pernas essas que Kamus segurou com firmeza, enquanto a sentia escorregar até alcançar o chão.

- Mas posso tentar. – dizia com um sorriso sedutor brilhando em seus lábios.

A essa altura do campeonato quase todos que ainda permaneciam na pista já tinham parado de dançar, apenas para observar aquele casal. Não longe dali Aioria olhava para a cena, incapaz de imaginar que um homem como Kamus fosse capaz de dar um show de erotismo com uma estranha ali bem no meio de todo mundo.

- Não se importa com o fato de todos estarem nos olhando agora?

Ela havia conseguido se desvencilhar dele e agora o rodeava com movimentos serpenteantes. Ele a puxa pela cintura deixando-a de costas para ele. A música acompanha o duelo deles.

- Não sou do tipo que se preocupa com esses detalhes. – Eles continuam se movimentando ao som da música, as pessoas ainda olham para eles. Ela deixa sua mão deslizar pelo rosto dele, e Kamus leva aquela mão aos lábios. – Eu sei o que procura.

De forma inesperada ele leva a mão delicada e coloca sobre a jóia que carregava. E então percebe que ela havia parado.

Seus olhos se perdiam em algum ponto da multidão, surpresos, mais que isso apavorados. E antes que Kamus pudesse identificar o causador daquela mudança de atitude, ela sai correndo e se perde no meio da multidão.

Sem pensar muito, Kamus vai atrás dela, a segue pelos fundos da boate e a encontra ofegante num beco, onde apenas alguns cães de rua se deliciavam com as sobras de comida deixadas nas lixeiras. Ela escondia o rosto entre as mãos.

Kamus se aproxima e ela reage imediatamente com um golpe que certamente teria acertado o rosto do cavaleiro se ele não tivesse bloqueado.

- Em outra situação você não teria parado aqui para tomar fôlego.

- Você nunca poderia entender.

- Eu entendo uma coisa, que você tenta matar aquela a quem eu devo proteger.

- Você não conhece meus motivos.

- Talvez se tentasse me explicar.

Ela estava cada vez mais agitada, como se temesse ser pega ali.

- Se eu fizesse isso estaríamos ambos mortos.

O olhar dela buscava todas as direções, como que procurando uma saída.

- Já deve ter percebido que não sou alguém fácil de se matar. Eu poderia protegê-la, Saori poderia protegê-la, basta...

As palavras morreram na boca do cavaleiro. Num gesto inesperado ela apóia a cabeça no peito dele, enquanto as mãos delas se agarram ao tecido da camisa que cede e se rasga revelando novamente o tesouro que ela procurava, mas também o peito forte do cavaleiro.
A tensão entre eles cresce novamente, quando ela levanta o rosto e seus olhares se cruzam. Havia fogo neles.

Kamus afasta uma mecha do cabelo escuro que cobria parcialmente os olhos dela e retém a mão do belo rosto. Não a podia imaginar mais bela.
Um sorriso escapou dos lábios do cavaleiro.

- Sabe de uma coisa, eu a reconheceria em qualquer lugar do mundo e sob qualquer disfarce, apenas por causa desses olhos.

Ela apoiou o rosto na mão do cavaleiro e fechou os olhos. Kamus desceu a mão pelo pescoço dela.

Um soluço baixo escapou dos lábios dela, quando sentiu o cavaleiro exercer uma certa pressão em sua garganta.

- Eu poderia acabar com você agora. – disse, mas ao invés de fazer o que tinha dito, aproximou-se dela, ainda mais, dessa vez para lhe tomar um beijo carregado de uma violência nada típica de alguém como ele.

Ela retribuiu de forma quase submissa, entreabrindo os lábios permitindo que ele a invadisse com sua língua, enquanto as mãos dele agora exploravam cada centímetro daquele corpo, tentando senti-lo da forma mais intensa que conseguia mesmo sobre o tecido que o protegia.

- O que estamos fazendo? – disse ela tentando evocar alguma razão, quando o cavaleiro se colocava entre as pernas dela deixando evidente o quanto a desejava.

- Vai me dizer que não quer tanto quanto eu, Eu vejo como me quer desde aquela noite!

Jogando tudo para o alto, ela se rende. Sente as carícias cada vez mais intensas de Kamus. Sente seu próprio corpo correspondendo. Sente a própria excitação chegando à níveis insuportáveis, quando o cavaleiro, agora com a mão entre as pernas dela a explora de maneira mais intensa. Sente as próprias mãos abrindo a calça do cavaleiro e o acariciando. Sente seu corpo sendo posicionado, sente suas pernas enlaçando a cintura dele, pronta para recebê-lo.

- KAMUS!

A voz de Saga era carregada de reprovação. Ele podia esperar por qualquer coisa, mas jamais por aquele showzinho pornográfico que acabara de presenciar.

Kamus se colocou imediatamente entre o geminiano e a garota.

- Está me seguindo Saga? Que eu saiba você mesmo me deu o dia de folga, e o que eu faço no meu tempo livre ou com quem eu faço só diz respeito a mim mesmo.

Kamus mostrava toda a irritação que sentia, não apenas pelo que Saga tinha acabado de interromper, mas pela possível desconfiança do cavaleiro de gêmeos.

- Não vai conseguir me enganar, sei muito bem quem é ela!

- Sou um cavaleiro de Atena Saga, não um moleque irresponsável!

- Então haja como tal.

Ambos ficaram calados ao ouvir um barulho seguido pelo latido insistentes dos cães.
Olharam em volta, mas não havia nada além dos mesmos cães que agora encurralavam um gato em meio a algumas latas de lixo. Eles se distraem por um segundo e quando voltam a se encarar, Sasha já havia desaparecido.

Saga tentou ir atrás dela, mas foi detido por Kamus.

- O que pensa que está fazendo! - diz Saga indignado com a atitude do aquariano que não estava disposto a deixá-lo sair dali.

- O que lhe dá tanta certeza de que ela é a assassina?

Saga pegou o cordão que pendia do pescoço de Kamus e o arrancou num golpe rápido.

- Achou mesmo que começaria uma caçada solitária e essa mulher sem que eu não desconfiasse? Que tipo de tolo pensa que sou? - disse Saga jogando a peça no chão aos pés de Kamus.

- Não admito que desconfie de mim dessa forma Saga!

- E eu não admito que ponha em risco a vida de Atena, apenas para satisfazer sua libido!

Kamus puxa Saga pelo colarinho e o empurrou contra a parede.

- Não percebe como já está envolvido? - diz Saga empurrando Kamus para trás e ajeitando a gravata. - Quer um conselho, encontre-a e faça todo sexo que for capaz de fazer com ela e volte para o Santuário. A partir desse momento você está fora dessa missão Kamus de Aquário, convocarei Máscara da Morte para substituí-lo.

Kamus não podia acreditar no que está ouvindo, mas logo sua razão falou alto de novo fazendo com que ele não acreditasse no que tinha feito.

Que mulher era aquela que o enfeitiçara de tal forma, se sobrepondo à razão que ele sempre prezara como sua maior virtude. E o que isso havia lhe custado! Mas apesar de tudo atestar contra ele, algo em seu íntimo gritava que ela não era tão culpada quanto parecia. Então como uma promessa a si mesmo, decidiu que como cavaleiro ou não, desvendaria os mistérios que envolviam aquela bela e misteriosa assassina.



Continua...

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Assassina e o Cavaleiro -3º Confrontos

Ao descer com uma bolsa a tiracolo pode observar que o porteiro assistia o noticiário da manhã que falava da tentativa de assassinato sofrida pela milionária japonesa Saori Kido, num jantar beneficente onde esta tentava angariar fundos para mais uma suposta campanha humanitária, ao mesmo tempo em que a imagem mostrava Saori entrando no seu carro, enquanto seus dois guardiões, mantinham os jornalistas afastados. Os repórteres especulavam que houve outra tentativa durante a madrugada, porém, não tinham fontes oficias sobre o assunto.

- Desse jeito, eu acho que vou ter mesmo que acabar com você!

O porteiro que também prestava atenção no noticiário se virou na direção dela com uma cara de quem havia sido pego infligido os regulamentos do prédio no horário de trabalho:

- Disse alguma coisa, senhorita?

- Não nada, estava apenas pensando alto.

Assim que chegou em um dos esconderijos onde guardava todo tipo de material que poderia precisar em uma missão, foi logo pegando seu Notebook e invadindo a rede do Hotel Plaza. Como previra, o quarto estava reservado até a hora do almoço, e já teria outro responsável no final da tarde. Transferiu o nome do homem que ficaria ali para outro quarto, e reservou o quarto que desejava ocupar para o nome falso que criara na noite anterior. Rapidamente pôs um disfarce, bateu uma foto de si própria com a maquina digital imprimindo a foto logo a seguir. Colou no documento e fez os últimos acabamentos.

Tempos depois

Uma moça aparentando seus 18 anos aproximadamente, cabelos claros de um ruivo bem desbotado, e ligeiramente ondulados atravessou o saguão do luxuoso hotel. Chegando no balcão de recepção pedindo com gentileza:

- Fiz uma reserva a dois dias.

- Pois não, senhorita. Em nome de quem está a reserva?

- Westgate. Karen Westgate.

- Identidade por favor, Senhorita Westgate. – Ela entrega a o documento e depois observava a sua volta displicentemente com seus olhos verde-cinzento enquanto esperava a confirmação da reserva, o que não tardou muito – Quarto Nº 417. Este rapaz a acompanhará. Deseja que envie um chá para seu quarto?

- Não será preciso. Há a possibilidade de não passar muito tempo aqui. Negócios, naturalmente. Pagarei adiantado, em dinheiro.

Entregou a quantia equivalente a diária do hotel, e foi até o tal quarto. Ao chegar, foi logo trancando a porta, e procurando por todos os cantos do quarto. Nem os lençóis estavam livres da revista. Nada de achar o que procurava. O bip de seu Pager tocou, assustando-a momentaneamente:

- Droga!! – imprecava contra o aparelho após uma rápida checada – Só me faltava essa!

Saiu do quarto às pressas, passando pelo saguão, respondendo polidamente que teria que partir com urgência por motivo de trabalho. Ela deu sorriso amargo, e partiu imediatamente.

No santuário


Por decisão de Saori, e pelo voto unânime dos cavaleiros de ouro Saga ficou como chefe da segurança de Saori em seus eventos sociais. Isso foi necessário ser estabelecido por causa das duas tentativas de assassinato que a jovem sofrera. Como Kamus já havia estado nas ocasiões que aconteceram na noite anterior, e Aioria esteve em uma missão fora do santuário, Saga achou melhor liberar os dois de suas obrigações por aquela noite de sábado. E instituiu também o sábado como folga de ambos. O único que não podia se dar ao luxo de descansar depois de tudo o que aconteceu era Saga que se tornou essencial naquela função. Quanto a Kamus, terminou seu relatório, e aproveitou para passar o restante do dia a procura de um bom retratista, onde pediu detalhadamente um retrato falado de uma mulher, sem que Saga ou os demais soubessem disso. Pensando mentalmente “Com isto vai ser mais fácil te encontrar, e ai você vai se arrepender, garota, de ter cruzado o caminho de Kamus de Aquário.”

Em outro lugar


- Estranho que entre pela porta da frente de meu escritório, garota. E ainda por cima com este disfarce.

- Não queria que alguém me visse entrando pela janela em plena luz do dia, queria?

A jovem que havia adentrado o recinto respondeu com voz de pouco caso, e o homem resolveu deixar de lado essa falta de respeito:

- Fui informado que fez duas tentativas na mesma noite e não obteve êxito.

- Foi. – jovem disse com secura, sentando-se na cadeira com ar relaxado aceitando o drink e o papel que fora oferecido pelo chefe.

- É tudo o que tem a dizer?

- E o que mais poderia dizer?

- Vejo que está abusando de sua língua ferina. Não se esqueça do que represento, menina. – Ela apenas abaixou a cabeça em uma demonstração de submissão, e ele continuou – Sua demora em realizar suas tarefas e sua imprudência fizeram acumular mais cinco missões. Alguma pergunta?

- Tenho que seguir rigorosamente esta lista?

- Exatamente.

- Por que não há fichas desta vez e por que o ultimo deve ser executado só na próxima sexta-feira?

- Desconfiada como sempre, não? Esses são peixes pequenos, no entanto são como espinha atravessada na garganta. O perigo que eles representam a minha organização é muito grande. O ultimo deles estou tentando dar-lhe a ultima chance de se redimir. Veja o lado bom, é provável que nem precise matá-lo.

A jovem não demonstrou nenhum ar de felicidade. Limpou suas digitais do copo, e levantou-se se detendo ao pegar na maçaneta com o lenço para não deixar suas digitais. Sem olhar para trás perguntou:

- Alguma vez tive que executar alguém que não merecia morrer?

- Claro que não. Você sabe muito bem disso. – o homem observou ela sair fechando a porta atrás de si.


Atenas como qualquer grande capital da Europa funcionava durante todas as vinte e quatro horas do dia. Durante o dia suas ruas eram tomadas por turistas interessados em sua história e cultura. E a noite gente de todo tipo, turistas ou nativos, homens ou mulheres de todas as idades, saíam a caça, a procura de todo tipo de diversão. A Atenas de bares, danceterias, boates, com atrações para todos os gosto e bolsos. E foi nessa Atenas, numa de suas mais badaladas casas noturnas, que uma jovem chamou a atenção de todos ao entrar. Os cabelos muito escuros caindo em fios retos e desfiados sobre os olhos escuros e misteriosos e contrastando com a pele pálida típica daqueles nascidos nas estepes russas de longos invernos. Seu corpo delicado estava envolvido perfeitamente pelo tecido vermelho de um vestido que se ajustava perfeitamente do busto bem feito até a cintura fina de onde partia uma saia solta e ampla, que acompanhava com perfeição os movimentos quase felinos dela. Sensualidade essa que não passou desapercebida a um homem em especial.

Ela atravessou a pista de dança, onde casais ou não dançavam de maneira frenética, arrancando olhares de inveja e de cobiça de homens e mulheres.
Pediu uma bebida ao barman, e se sentou próxima ao balcão.
Não demorou muito para que um homem de mais ou menos seus vinte e cinco trinta anos se aproximasse.

- Uma moça tão linda não deveria estar sozinha numa noite como essa.

Ele tinha modos exagerados e falava gesticulando com os braços bem ao modo do povo do Mediterrâneo.

- E o que essa noite teria de diferente de todas as outras?

Ela não tinha o menor interesse em parecer simpática.

- Essa noite você está aqui, srta....

- Depende para quem eu devo dizer o meu nome?

- Nikolas, seu criado e admirador mais ardoroso! – disse ele fazendo uma pomposa reverência.

Algumas mesas de distância de onde a bela assassina estava, um olhar ora frio e cortante como o aço, ora ardente como ferro em brasa, a olhava intensamente.

- Se está interessado, devia ir até lá, bonita como é, não ficará sozinha muito tempo. Aposto que ela troca esse charme francês, pelo palhaço ali.

- O que está fazendo aqui Aioria?

- Não é o único que está de folga por aqui.

- E Marin sabe que você freqüenta esse tipo de lugar quando vem para Atenas sozinho?

O rapaz de cabelos e pele dourada, sorriu um pouco constrangido diante da pergunta.

- Se ela sonhar que eu estou aqui, vocês podem começar a procurar um novo cavaleiro de leão.

- Então por que vem?

- Gosto de dançar, gosto da música, não estou aqui atrás de nenhum rabo-de-saia. Mas você por aqui, é novidade!

- Não sabia que estava tão inteirado da minha vida social!

- Não seja cínico!

- Você provocou.

“Nikolas , se não estava enganada, esse era o nome de um dos mais ricos empresários da noite grega, com boates, e casas noturnas espalhadas por todas a cidades e ilhas gregas, mas também era conhecido por estar envolvido no tráfico internacional de mulheres.”

- Me diga uma coisa, estaria aqui se eu não fosse bonita?

A pergunta que colocaria qualquer homem numa tremenda saia justa, não pareceu mexer com aquele homem tão excêntrico.

- Todas as mulheres são belas, aos olhos da pessoa certa.

Ela sorriu, como há muito não fazia, de maneira espontânea, mas seu rosto se fechou de repente quando não muito longe dali ela viu um jovem de cabelos claros e com a pele queimada típica da região, e ao seu lado um outro cujo rosto não saía de sua mente bem como o gosto de sua boca.

Seus olhos se encontraram como duas espadas se encontrando em meio a um combate de vida ou morte lançando faíscas a cada choque.

- Gostaria de dançar, senhorita?

A pergunta repentina a tirou do transe em que estava e meio sem saber o que dizia acabou aceitando o convite.

- Está vendo não foi tão ruim!

Sob o som quase ensurdecedor da música eletrônica, Nikolas praticamente gritava para ser ouvido pela jovem que dançava ao seu lado, agitando os braços e a cabeça e movimentando os quadris sensualmente sob a batida da música.

_ Acho que estou ficando tonta.

- Pode até ser, mas pelo menos você está se divertindo.

Dessa vez ele estava errado, a figura de Kamus a observá-la havia lhe deixado mais tensa do que podia imaginar, só de pensar que ele acompanhava cada movimento seu ela sentia arrepios.

- Nikolas! – era um dos seguranças da casa que agora interrompia seus pensamentos. – Temos um problema.

A palavra problema tornou sério o rosto alegre do empresário e ele saiu da pista se desculpando.

- Desculpe senhorita, mas os negócios me chamam, tenha uma boa noite, mesmo que seja sem mim.

Por algum motivo, não conseguiu acreditar que um homem tão gentil como ele pudesse mesmo estar envolvido com os crimes pelos quais era acusado, todo aquele submundo de crime e prostituição parecia algo distante demais de alguém como ele que de forma inesperada havia lhe dado os poucos momentos de alegria que havia tido naquela noite.

Ela já se preparava para deixar pista de dança, quando sentiu uma mão segurá-la firmemente pela cintura.

- Já vai tão cedo?

Sentiu que o corpo dele se encaixava no seu.

Ela tentou se livrar e se virou de frente para ele. Seus olhos se encontraram, só que dessa vez havia fogo neles. Ele se aproximou mais e disse umas palavras no ouvido dela.

- Até quando pretende me seguir?

Ela hesitou um momento, pois oscilando sobre o peito parcialmente aberto da camisa, estava lá, quase que uma provocação brilhando, seu tesouro tão perto e cada vez mais distante.

- Sabe muito bem que só estou aqui por que você queria que eu o encontrasse.

Ela não podia revelar o interesse que tinha naquele objeto ou isso se tornaria uma arma nas mãos dele.

Uma música mais lenta e sensual tocava agora, fazendo com que apenas alguns casais, que não sabiam ao certo se continuavam na pista ou iam para um motel, continuassem na pista. Uma trilha perfeita para que o mais sensual dos combates tivesse início ali.



Continua...

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domingo, 21 de junho de 2009

Gaiata, Desastre e Golias

Minha primeira historia cômica. Acho que não será muito difícil fazer porque alguns trechos são tirados da vida real. XD

Sinopse: Manuela é uma garota que adora contar piadas e colocar apelidos em todo mundo. Um dia foi transferida para um colégio onde conheceu sua amiga Carla, e também Charles. Qual será o rumo dessa historia?

Gaiata, Desastre e Golias

A sala de aula de um colégio público situado no subúrbio do Rio de Janeiro, estava repleto do som proveniente das gargalhadas dos alunos. O professor já havia parado de escrever no quadro negro pela segunda vez só naquela manhã. Então, sem olhar pra trás, chamou a atenção de um deles:

- Manuela!!

- Sim, professor? – perguntou inocentemente Manuela sem levantar o rosto, parecendo concentrada em seus afazeres estudantis.

- Não venha dar uma de inocente, Manuela. Pare de fazer seus colegas rirem enquanto estão copiando o exercício.

- Oras, professor. Eu não estou fazendo nada alem de copiar os exercícios.

O professor dá um suspiro desanimado, e continua a escrever no quadro negro. Minutos depois, do outro lado da sala, a bolsa escolar cai, levando a cadeira junto, e dando um grande susto nos alunos e no próprio professor que gritava:

- O que foi dessa vez, Carla?

- Desculpe, professor. É que o meu caderno ficou preso à bolsa, e quando puxei caiu tudo no chão.

Só se ouve um grito meio abafado “Desastre”. O professor olha para Manuela, e esta estava concentrada em responder a tarefa.

- Manuela, por favor, sente-se aqui perto de Carla.

- Oras, professor, por que tem que ser eu a sentar ali, se nenhum dos colegas dela sentam ali?

A gargalhada dos alunos foi geral. O professor pediu silencio, o que foi demorado pra se conseguir e depois concluiu:

- Porque estando onde está sempre atrapalha minha aula. E também será bom pra ajudar a sua colega de classe a deixar tudo organizado para que eu possa continuar a copiar o assunto.

- Se ferrou nessa, novata.

- Fica na sua, Mandíbula. – respondeu Manuela, fazendo um barulho estranho e com as mãos à frente da boca como se uma boca de jacaré, abria e fechava na ponta da mesa, como se tivesse devorando-a. – Com esses dentões não é de se admirar que a mesa esteja toda comida.

Todos começaram a rir sem parar enquanto Manuela pegava seus objetos sob o olhar raivoso do garoto apelidado de Mandíbula do He-man. Assim que Manuela se acomodou no acento atrás de Carla, o sinal da hora do recreio tocou. Todos, sem exceção, estavam feliz com aquele som. Era como se fosse o soar do gongo de um ring. Era tempo de recarregar suas energias para poder agüentar mais algumas horas de aula. Já o professor dava graças a Deus por existir esse tão abençoado barulho que significava alguns minutos de paz.

Refeitório

Manuela estava na fila com sua bandeja na mão, tentando enxergar o que teriam pra comer. Subitamente diz em tom alto, e brincalhão:

- Cardápio de hoje: feijão quebra dentes, papa de arroz queimado no fundo, e o delicioso frango metralhado saído da guerra. E para ninguém se engasgar, teremos água com açúcar com corante amarelo. – alguns começaram a rir, enquanto que os cozinheiros olhavam com cara feia – Ei, Paquita, corte este cabelo que eu já ia correr pra pedir um autografo.

Dizia Manuela para um garoto da sua sala que já ia para uma mesa vaga.

- Eu já disse, Manuela, que meu nome é André. – resmungou o loiro de cabelos lisos batendo no ombro.

- Certo, não me esquecerei disso. – replicou Manuela colocando a bandeja encima da mesa para que servissem a comida em sua bandeja e logo a seguir disse alto para que André escutasse –Ei, no próximo sábado irá ter a festa de aniversario do meu priminho. Daria pra você e o Dengue ai dançarem Ilariê lá?

Mais uma vez Manuela arrancou gargalhada de todos.

Manuela estava se dirigindo para a mesa vaga logo após Alexandre, a quem ela chamou de Mandíbula. Este sorriu com malicia colocando o pé no caminho. Manuela já ia soltar uma gracinha pra ele, quando sentiu seu pé topar com algo no caminho. Rapidamente compreendeu o motivo daquele sorriso. Então, jogou a bandeja pro lado, que foi de encontro com o rosto de Alexandre. De repente alguém gritou: “Guerra de comida”. Cada aluno tentava se abrigar e atacar ao mesmo tempo, usando a colher de plástico como se fosse uma catapulta, e a comida a munição. Manuela saia de fininho, dando de encontro com Carla. Quase que caiam no chão com a trombada. Alexandre a seguiu assim que conseguiu limpar o rosto.

- Agora você vai pagar caro por sua gaiatice, garota.

Dizia ele armando um soco contra Manuela, que estava surpresa com aquela reação e não tinha reflexo para impedir de ser acertada por ele. No entanto, nada aconteceu graças ao garoto alto que estava ao lado de Carla. Ele segurava firmemente o punho de Alexandre, enquanto que a outra mão fazia pressão no ombro de Alexandre, forçando-o a abaixar-se um pouco:

- Não se deve levantar o punho contra uma garota, moleque. Peça desculpas agora mesmo.

- Ai, ai, isso dói!! Não vou pedir desculpas nenhuma pra essa... AI!AI! – o garoto alto fazia mais pressão ainda, fazendo Alexandre interromper o xingamento que faria a Manuela.

- O que está acontecendo aqui? – rapidamente o refeitório entrou em grande silencio e cada aluno tentava esconder a prova de seus crimes – Vocês quatro, para a sala da diretoria agora mesmo!


Diretoria

- Muito bem... quem irá explicar como aconteceu aquela zona de guerra no refeitório?

Todos ficaram quietos, e o Diretor já se mostrava impaciente. Manuela percebeu que se ninguém falasse nada, seria pior para todos. Então, um tanto acanhada, começou a relatar:

- Eu estava conduzindo alegremente minha bandeja para a única mesa vaga quando tive a infelicidade de topar no pé de Mandi... de Alexandre, meu colega de classe.

- E... – o Diretor parecia impaciente com aquela longa pausa de Manuela.

- Tentei fazer o possível para não cair, mas não tive sorte em equilibrar minha bandeja... Ah Senhor Diretor, foi terrível. Eu estou com tanta fome, e a comida parecia tão deliciosa...

- Ela jogou a bandeja na minha cara, Diretor.

- Foi um infeliz incidente, Senhor Diretor. Quanto a guerra de comida, não temos nada haver com aquilo. Alguém grito que era guerra de comida sem perceber o que estava acontecendo de verdade.

O diretor parou para pensar um pouco no que foi dito. A forma como a garota que havia tomado a frente para relatar todo o corrido soou tão sincera que não havia porque não acreditar nela.

- Vocês três podem ir. Já você, rapazinho, ficará aqui. Estava agredindo um garoto mais novo que você só porque é mais velho e mais alto.

- Ele não estava agredindo o Mandíbula. – rapidamente Manuela intervém em auxilio ao garoto alto – Ele só estava me defendendo. Ele não tinha intenção de machucar.

- Você é a novata, não é? – Manuela confirmou com um menear de cabeça – Então não conhece a reputação deste rapaz. Está sempre metido em confusões. Agora podem voltar a sala de aula.

- Que bom, já posso ir! – dizia Alexandre todo contente.

Então, pela primeira vez até aquele exato momento, Carla abre a boca pra anunciar:

- Se Charles vai ficar, eu também fico aqui.

- Não, Carla. O Diretor só está fazendo o que ele deve fazer. Você deve voltar pra assistir sua aula. Estamos perto de fim do bimestre, e se perder algum assunto não fará uma boa prova.

Charles falou gentilmente com sua amiga. Manuela se comoveu com a grande amizade entre aqueles dois e disse, fincando o pé no chão:

- Eu também ficarei. Posso copiar o assunto depois. – o Diretor olhou sério pra ela, então ela sorriu e continuou, virando-se para Carla – Sabe o que podemos fazer neste meio tempo?

- Não. O que poderíamos fazer? – perguntou Carla inocentemente.

- Irei contar algumas piadas. Vou começar por esta: A mudança foi toda colocada no caminhão. Um desses de carroceria aberta, abarrotado de móveis e lá em cima de tudo a gaiola com o papagaio. A mudança devia estar mal-arrumada e as ruas eram muito esburacadas. Com o balanço, a gaiola caiu com o papagaio. Desceu todo mundo, acudiram o papagaio e botaram a gaiola la em cima. Dali a pouco o pobre coitado despenca outra vez. E outra vez. E mais outra, mil tombos. Aí o papagaio, já irritado, no último tombo virou-se para o dono e disse: - Faz o seguinte: me dá aí o endereço que eu vou a pé.

Carla e Charles seguiram Manuela na gostosa gargalhada. O diretor virou o rosto sorrindo.

- Mais outra: Todas as crianças haviam saído na fotografia e a professora estava tentando persuadi-los a comprar uma cópia da foto do grupo. - 'Imaginem que bonito será quando vocês forem grandes e todos digam ali está Catarina, é advogada, ou também Este é o Miguel. Agora é médico'. Ouviu-se uma vozinha vinda do fundo da sala: -'E ali está a professora. Já morreu.'

O Diretor mais uma vez estava prestes a soltar uma gargalhada ao escutar a piada e escutar a risada das três crianças a sua frente.

- Mais uma, e essa é de Argentinos: Dois argentinos chegaram no Brasil sem nenhum dinheiro no bolso.
Nas primeiras horas da manhã, um diz para o outro.
— Vamos nos separar e pedir diñero en la rua! En lo final de la tarde, nosotros nos encontramos para saber quanto diñero gañamos!
E cada um vai para um lado.
Ao cair da tarde eles se reencontram e um pergunta para o outro:
— Quanto usted gañou?
— Eu gañei 30 reais!
— E como usted fez para gañar isto?
— Fui en lo parque de diversiones e hablei: "Yo tengo 3 niños para sustentar e yo preciso de ajuda!"... E
usted, quanto gañou?
— Yo gañei dois mil reais!
— Nuestra Señora! — exclamou o outro. — E o que usted hablou para gañar tudo isto?
— Yo hablei: "Ajudem-me, me faltam apenas sete reais para comprar una passagem para yo regressar para Argentina!"

O Diretor colocou uma folha de papel e sorriu por trás dela. Se Manuela fosse inventar de contar mais uma piada, não conseguiria trabalhar. Pior ainda seria que perderia a moral se risse na frente deles. E estava a um triz de soltar uma sonora gargalhada. Então para seu azar:

- Olha, vocês conhecem aquela do pum? É assim: No elevador...

- Já chega, Manuela. É melhor vocês três voltarem pra suas salas de aula. Não é bom que percam aula assim tão próximo do fim do bimestre. Quanto a você, Charles, já está na 8ª série. Deveria dar um bom exemplo para essas meninas. Espero que o ocorrido no refeitório não se repita.

- Muito obrigada, Senhor Diretor. Mas o senhor não quer escutar essa ultima piada?

O diretor apontou nervosamente a mão em direção a porta para que saíssem. Prontamente Manuela e Carla foram pra sua sala, e Charles tomou o caminho oposto para ir para a sua.


Continua...

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Assassina e o Cavaleiro - 2º Cilada

Saori não tardou a dormir. Detestava ter que dormir em hotéis, mas numa noite de acontecimentos estranhos e atentados, não queria chamar muita atenção sobre sua pessoa, partindo no meio da noite para um lugar tão ermo, ou ainda atraindo a atenção de prováveis inimigos para seu Santuário.

Mas para Kamus e Saga não haveria descanso. O ataque sofrido por Saori e sua decisão de permanecer em Atenas naquela noite se tornaram uma preocupação a mais para os dois cavaleiros.

- Fomos descuidados. – comentou Saga – Isso jamais deveria ter acontecido!

Kamus moveu a cabeça concordando.

- Tivemos sorte dessa vez.

- Sorte que você tem bons reflexos, mas não creia que haja uma próxima vez, meu amigo.
- Na verdade eu espero que haja .

Saga sorriu entendendo perfeitamente a intenção do outro. Ás vezes Kamus com seu raciocínio frio chegava a surpreender até mesmo alguém como Saga, tão acostumado a se antecipar aos outros, tanto em pensamentos como em ações.

-Entendo! – disse então dando por encerrada aquela discussão.


Em outro lugar...


Uma câmera digital caia do 12º andar de um apartamento espatifando ao encontro com a calçada. A mulher que a jogou observou satisfeita todo o trajeto exibindo um sorriso por trás do tecido negro que cobria seu rosto. “Finalmente esta foi a última câmera que poderia revelar minha identidade e isso me causaria muitos problemas no submundo. Se bem que o chefe já deveria ter algo em mente para que isso não ocorresse. Tenho tantos passaportes e identidades que chego a duvidar de qual seja a minha verdadeira”. Pensou a mulher. Virando-se para o homem encolhido no canto do quarto, sentenciou em voz ameaçadora:

- Espero que não relate sobre o que aconteceu aqui esta noite para o seu próprio bem. E que também não esteja me enganando sobre não haver outras copias da foto.

- Eu juro que estou falando a verdade. Por deus, não faça nada contra minha família. Meus filhos...

- Por enquanto nem cheguei perto deles. Isso pode mudar se procurar a policia ou qualquer outra pessoa. Lembre-se, não importa aonde vá ou se esconda, sempre os encontrarei.

A mulher mascarada sai da mesma forma que entrou, passando pela janela e escalando as paredes externas. Ao chegar no pico do edifício ela pega um celular discando alguns números a seguir. Depois de uma pequena espera, pergunta ríspida:

- Onde ela está agora?

- Boa noite pra você também. Oh!! Esqueci! Você está tendo uma péssima noite. Amanhã finalmente saberemos como é seu rosto.

- Espere sentado então. Vá logo ao que me interessa.

- Pelo que vejo já deu seu jeitinho sutil. Era de se esperar de uma profissional como você. – a pessoa do outro lado da linha grunhiu em resposta e ele imediatamente mudou de assunto – Ela está no Plaza Hotel, quarto 417. Os quartos deste andar estão vazios até amanhã a tarde quando chegará uma excursão vinda da França . Mas não espere passar por toda segurança facilmen... Droga! Como sempre ela desligou.

A mulher colocou o celular no telhado jogando álcool por cima dele, tocou fogo e chutou para que caísse na rua lá em baixo. O aparelho inflamado tocou o solo quebrando-se em varias partes. Ela nem esperou pra ver o resultado. Saiu pulando de telhado em telhado até chegar a seu objetivo. “Não consigo entender como os repórteres podem pensar em constituir uma família. É um emprego que só oferece risco a pessoas próximas. Assim como policiais, promotores de justiça e juizes”. A mulher pensava neste assunto desejando não ter que matar alguém sem necessidade. Observou que o movimento dos seguranças do hotel não deixava uma brecha sequer. Lembrou que varias vezes esteve em uma situação similar a aquela, e mesmo assim conseguira romper todo o esquema de segurança. Só tinha uma coisa que estava incomodando sua mente. Não fazia sentido uma mulher com tanto status social estar ocupando tal quarto mesmo que o hotel fosse caro e luxuoso. Pessoas assim geralmente ficavam em quartos presidências. Não era a hora nem o momento para deixar sua intuição, que as vezes falhava, dominar sua mente com questões como aquela. Possivelmente a garota rica estivesse tentando despistar seu rastro, e tudo o que ela precisava naquele momento era se concentrar na sua missão.

Eis que surge o que ela precisava saber. Sempre ficava um segurança enfrente a porta enquanto os outros dois rondava pelos corredores. Era uma questão de poucos minutos até que voltassem a seus postos. Esperou que retornassem e partissem novamente, calculando assim o tempo que teria para agir. Passou por uma das janelas do corredor entrando imediatamente no quarto à esquerda. Contando os minutos, aguardou pacientemente em completo silencio atenta a qualquer som, até escutar os passos do segurança distanciar novamente. Essa era a deixa. Pegando uma arma no coldre da cintura, já saiu disparando na direção do homem que montava guarde em frente ao quarto. Este nem percebeu o que acontecia mesmo depois de receber dois dardos tranqüilizantes. Antes mesmo que o segurança pudesse esboçar qualquer reação ou cair no chão, ela já tapava sua boca com a mão e o arrastava para o quarto de onde saíra com uma certa dificuldade devido ao peso daquele brutamontes. Voltou o caminho rapidamente e entrou no quarto sem fazer um ruído sequer. O quarto estava escuro, porém, era possível entrever a cama no meio do quarto. Aproximou sacando a faca que era parecida com a outra que havia perdido no meio do tumulto e disse em voz baixa:

- Terá a morte mais rápida e indolor que uma pessoa como você poderia merecer.

Cravou a faca no lugar exato onde seria o pescoço encoberto da pessoa ali deitada. Nada. Esperava um suspiro esganiçado e a faca rompendo a pele, tendões. O que estava acontecendo ali? Debruçou mais um pouco sobre a cama retirando rapidamente o lençol. Como podia ter se enganado com apenas alguns travesseiros? Antes mesmo de sua mente concluir que tinha caído em uma armadilha escutou o sussurro próximo a sua orelha:

- Sabia que não iria me decepcionar.

Assombrada com o poder daquela voz sensual e familiar, virou-se bruscamente. Sua respiração ofegante refletia contra o peito desnudo daquele homem e voltava contra seu rosto. Estava a poucos milímetros dele, e podia sentir o calor que aquele corpo emitia. Seus lábios agora estavam entreabertos sentindo o desejo apossar de cada pedaço de seu corpo. Sua respiração estava ficando descompassada. “O que está acontecendo comigo? Sou pega em uma cilada, e em vez de tentar fugir, fico aqui sem fazer nada apenas sentindo essas sensações sem sentido”. Aqueles segundos de hesitação por parte dos dois foram interrompido quando o homem decidiu abraçá-la com o intuito de prendê-la. A jovem conseguiu desvencilhar-se graças a sua flexibilidade. Abrindo escala, escorregou até ser possível passar por entre as pernas dele. Sabia o quão rápido ele poderia ser, mas parecia que não estava fazendo esforço para pegá-la. Quando pensou que já estava a salvo e que poderia escapar pela janela, sentiu apenas o choque entre os dois corpos. Parecia que havia se jogado contra uma parede de concreto. Ele estava bem à frente da janela, bloqueando seu caminho. “Sua velocidade é sobre-humana!” Sentiu a pressão em seus ombros quando ele a segurou com firmeza.

- Não pretendo mais pegar leve com você, garota. Dei-te varias chances de desistir de cometer essas loucuras que vem fazendo desde o incidente no restaurante.

- Não pedi nenhuma gentileza sua.

- Mesmo? – perguntou Kamus arqueando a sobrancelha esquerda mostrando sarcasmo em sua voz.

- Solte-me ou se arrependerá.

- Não está em condições de exigir nada, mocinha.

A mulher olhou para seus olhos e depois para todo o corpo dele. “Que homem, meu deus!! Droga, no que estou pensando? Estou a mercê dele, e ainda paro para pensar em coisas que nunca tinha feito antes. A única forma de sair dessa é contra-atacando no ponto fraco dele. Mas o único lugar que posso ver agora causaria uma dor que nem gostaria de imaginar. E mesmo que eu tentasse este golpe baixo, ele poderia se defender com toda essa velocidade que tem, e depois poderia ficar extremamente irritado. Já sei!!” pensou a mulher parando de se debater. Kamus logo estranhou aquele sorriso encantador e aquele olhar de puro desejo, imaginando que certamente havia um plano por trás daquela súbita mudança. Diminuiu a pressão que exercia sobre seus ombros pronto para um contra-ataque. Mas o quê ela queria? A resposta veio em seguida. Um beijo que fez o cavaleiro arregalar os olhos sem acreditar no que estava acontecendo. A mulher que tentou matar Saori Kido duas vezes agora o beijava com mais ardor que no inicio, como se tivesse medo de ser rechaçada por sua iniciativa. Kamus sentia que deveria afastar-se dela, mas ao mesmo tempo queria continuar e esquecer seu papel naquele lugar. Estava ficando cada vez mais difícil manter sua mente voltada a suas obrigações ao sentir àquelas mãos pequenas e delicadas percorrendo seu peito. “Por Athena! Se isso continuar assim, acho que vou enlouquecer.” Onde foi parar o Kamus frio e calculista que sempre fora?, se perguntava o cavaleiro de Aquário. Tinha que dar um basta naquela situação antes que ela conseguisse alcançar seu objetivo naquele momento, baixar mais ainda a guarda. “Não!”, gritou em seus pensamentos e reunindo todas as forças que tinha empurrou firmemente a mulher, mesmo escutando seu gemido de protesto, voltando a assumir a feição fria de sempre, conseguindo chamar a atenção que desejava da assassina. O olhar dela queimava de ódio, nem parecia à mesma mulher que a pouco mostrava tanto desejo. Com um movimento rápido ela atirou algo no chão, no mesmo instante uma explosão foi ouvida em todo aquele andar e o quarto onde estavam foi tomado por uma fumaça densa fazendo Kamus procurar um lugar seguro onde pudesse enxergar melhor. No meio da confusão ela tentou escapar pela janela, que certamente estaria bem a sua frente, mas sentiu que mão do cavaleiro havia alcançado seu braço e a detinha.

- Onde pensa que vai? Ainda tem muita coisa para responder.

- Não sou boa nesse jogo de perguntas e resposta. – diz acertando um chute no rosto de Kamus que pego de surpresa acaba soltando a assassina, que aproveita o momento para que aproveita o momento para se jogar pela janela. Logo em seguida Saga entra no quarto e encontra um o cavaleiro de Aquário visivelmente contrariado.

- Kamus você está bem?

- Por que não estaria? Era apenas uma assassina e não algum guerreiro protetor de deuses como nós.

- Certo, já vi que não está nos seus melhores dias. Vejo que não conseguiu pegar a garota. – Agora Saga se mostrava irônico. – Conseguiu ao menos alguma pista?

- Não.

Saga deixou o quarto sem fazer nenhuma observação. Kamus olhou para o objeto que havia retirado da cintura da assassina na hora da fuga e deixado no canto do quarto. Pegando-o, olhou bem conjeturando pra si mesmo:

- Acredito que não seja louca o suficiente para arriscar a ser pega por causa disso. Ela parece obstinada em perseguir suas vitimas até que estejam mortas. Será que ela também pode ser assim em outras questões? Não! Não haverá a próxima vez, e mesmo que houver, não serei pego desprevenido. – ao lembrar-se rapidamente do que havia acontecido agora pouco, meneando a cabeça para afastar aqueles pensamentos. – Aquele beijo nem foi lá grande coisa. Não significou nada pra mim.


Em um apartamento luxuoso


- Droga!! - pestanejava a moça socando o espelho a sua frente - Não acredito em como pude ser tão idiota ao ponto de me deixar levar tão fácil por apenas um beijo... Não, não foi isso! Tenho feito vários trabalhos e todos eles alem de me deixar exausta fisicamente me deixa mentalmente também. Tudo o que eu precisava era de alguém que me entendesse. – olhando para o corte em sua mão disse a si mesma – Aquele beijo não significou nada.

Lavou o corte e tratou de se despir. Nada melhor do que uma ducha fria para clarear sua mente, e isso era uma coisa que realmente estava precisando. “Preciso voltar ao hotel, e encontrar aquilo de qualquer forma. Sei que será perigoso, mas o que posso fazer? Tenho que ir assim mesmo.” Ao terminar o banho, ela se secou, cobriu-se com a toalha e foi ao quarto, retirando alguns papeis do fundo falso da mala preta. Colocou-os encima da mesinha e começou a trabalhar neles por um período de meia hora. Olhou bem o resultado satisfeita, deixou encima da mesinha e se jogou na cama. Exausta como estava, pegou logo no sono.


Continua...

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