terça-feira, 18 de agosto de 2009

Contos da Lapônia – Tomo II – A donzela e o soldado



Ps: Não se esqueçam de ver as imagens que Neva Branca fez. Eu adorei. Comentem, façam uma desenhista feliz. Se fizer a autora da historia feliz também, serei muito grata. XD


Sumário: Um reino afastado de muitos outros reinos da Europa, sofria não só com o imenso frio, como também com uma guerra civil que durava quase 20 anos. A solução seria a volta da herdeira legitima ao trono, ou alguém que se passasse por ela...



Capítulo I - A donzela e o soldado

- Está muito frio ai. Venha para dentro da carruagem. – a outra pessoa nada respondeu, mantendo seu olhar atento na floresta. – Chame os soldados e peça que façam nossa escolta.

A mulher de cabelos loiros desistiu de sua insistência ao ver que a pessoa que estava fora da carruagem, caminhando na neve, segurava o punho da espada, fazendo um gesto para que se abrigasse. Não tardou muito para saber o motivo para a preocupação da outra pessoa. Dois homens armados com espadas e arcos surgiram repentinamente na frente da carruagem fazendo os cavalos relincharem assustados.

- De onde você é, estrangeiro, que usa roupas tão estranhas? – perguntou o da direita que vestia peles de animais por todo o corpo.

- Tire o capuz para que possamos ver seu rosto. – mas sua ordem não foi obedecida pelo estranho que usava roupas escuras cobrindo o rosto e parte da cabeça, tendo uma longa capa feita de pele de urso aquecendo suas costas. Isso deixou o homem bufando de raiva contida.

- O que traz ai na carruagem? – continuaram sem resposta, mas deu para perceber que estava pronto para atacar se necessário. - Ou ele não entende o lapão, ou então é surdo.

- Melhor ainda. Não poderá reclamar depois.

Os dois homens dirigiram-se para a entrada da carruagem. A pessoa que nada disse todo o percurso sacou a espada agilmente interpondo ela entre os dois e o transporte. Os dois deram alguns passos pra trás, e sacara as espadas também. Cortando a rédea do cavalo que acompanhava o ser misterioso com um golpe de espada, logo se iniciou uma pequena batalha. A pessoa mascarada lutava ferozmente, sem dar espaço para erros, como se já estivesse enfrentado varias batalhas. Seus golpes eram precisos e cautelosos. No momento que se defendia de um, o outro atacava pelas costas. Desviando para o lado, acertava-lhe um chute em seu abdômen.

- Escória deste reino, emboscando pessoas nas entranhas da floresta. – um homem loiro que aparentava aproximadamente trinta anos gritava para os dois que atacavam o estranho e a carruagem.

- Atacar!! – gritou um dos homens que atacava a carruagem para a floresta assim que o outro homem surgiu com espada em punho.

O sujeito encapuzado que até então apenas se defendia, atacou os dois sem piedade, avançando em direção ao grupo de uns dez guerreiros que saia de seus esconderijos. O recém-chegado também partiu pra cima, cravando a espada no peito de um deles. Ele olhou admirado para o guerreiro desconhecido que neste exato momento desferia um pontapé para livrar sua espada do corpo moribundo, e já partia para atacar outro com a mesma fúria. Sua agilidade era impressionante. Estranhou suas vestimentas e a espada que usava. Era meio larga, mas de espessura fina e um pouco curva. Era realmente algo que nunca tinha visto em sua vida. Um movimento num arbusto afastado chamou sua atenção. Infelizmente era tarde demais para avisar o estrangeiro que recebeu uma flechada no braço direito. Esperava que a estranha pessoa tentasse fugir, ou cambaleasse ao sentir a dor do músculo rompido, mas não. Continuava enfrentando os outros até que parou de lutar ao ver que batiam em retirada. Quando o rapaz de longos cabelos loiros aproximou-se do estranho, este jogou uma faca em sua direção, acertando em cheio o arqueiro escondido no meio do mato atrás dele. Olhou embasbacado para o estranho que agora utilizava um pedaço de pano para limpar a lamina da espada, como se nada de especial tivesse acontecido.

- Não! Seu braço está assim por minha culpa... – a mulher que estava se protegendo dos intrusos saiu da carruagem preocupada ao ver a flecha fincada no braço.

- Não se preocupe, jovem dama, o ferimento dele não foi tão grave quanto parece. – olhando para o desconhecido guerreiro, percebeu sua tensão ao ver que se aproximava da carruagem. – Não precisa assumir essa postura de defesa. Sozinho poderia ter se ferido mais.

- Então você nos ajudou? Nem tenho como agradecer.

O rapaz de longa cabeleira loira desviava o olhar da carruagem para a jovem. Seu olhar era enigmático.

- Não me lembro de tê-la visto por estas paragens, no entanto, seu rosto me parece familiar, e sua pronuncia do meu idioma é perfeita. Perfeita até demais.

- Aprendi com uma pessoa daqui. – viu pelo rosto do rapaz loiro de cabelos longos olhava com certa descrença – Somos nômades que vai de cidade em cidade para entreter as pessoas. Deve ser por isso que achou meu rosto familiar.

- Desculpe-me por fazê-la sentir-se obrigada a responder minhas indagações, mas todo cuidado é pouco nestes tempos difíceis. Para remediar, convidarei que me acompanhem a casa de um amigo.

- Obrigada. Ao que parece não tenho outra escolha senão a aceitar o convite. Como vê, ele precisa de cuidados.

A jovem entrou na carruagem, o tal soldado estranho pegou seu cavalo que pastava próximo, e todos seguiram o caminho floresta adentro.

- Neste país cavalos não são muito úteis.

- A não ser que estejamos no verão como é o caso. – respondeu a moça prontamente.

- Vejo que conhece mais do que mostra saber sobre meu país.

- Naturalmente. Temos que saber onde pisamos para poder dar o segundo passo sem cair.

- O que há com esse rapaz que a escolta? Sempre silencioso como um túmulo.

- É um guerreiro sarraceno, por isso desconhece o sami. E mesmo que soubesse, não pode falar porque é mudo.

- Ora, o que descobri... conhece tanto meu povo que conhece a outra designação para o idioma local. – a jovem calou-se, e ele quebrou o logo silencio após alguns minutos percorrido pelo caminho – Finalmente chegamos. Baixem as armas, rapazes. Viemos ver seu senhor.

Minutos depois um homem por volta de seus 33 anos surgiu em sua frente. Cabelos curtos e ruivos. seu sorriso morreu assim que viu o estrangeiro ao lado da carruagem:

- Meu amigo. – dizia olhando desconfiado para as pessoas que acompanhavam o rapaz de cabelos loiros – Fiquei preocupado quando um de meus caçadores disse ter avistado partindo rumo ao rio Tana. Quem são esses que o acompanham?

- São nômades que entretêm pessoas... – deu um leve tempo, como que estivesse pensando dizer mais alguma coisa - Foram atacados na floresta.

- Com um soldado escoltando? Principalmente quando se percebe que é estrangeiro...

- O que está querendo insinuar, meu senhor? – a moça inquiriu indignada com aquele comentário.

- Não estou querendo insinuar nada, moça... ainda. Nosso reino passou por muitos problemas no passado, no entanto, nossa regente consegue ser pior que seu antecessor. Tem feito os nobres perderem suas posses.

- E o senhor se encaixa nesta classe?

- O jantar está servido, meu senhor. – avisou a senhora de idade que havia acabado de sair da casa.

Os três foram convidados a entrar, sentando-se cada um a mesa, e se fartando com a grande quantidade de carne. O homem que parecia ser o dono da casa perguntou para a jovem:

- E ele, não vai comer?

- Não se preocupe com ele, meu senhor. Comerá no momento apropriado. Mas o senhor não respondeu minha pergunta.

- Nestes tempos difíceis os estrangeiros são maus vistos por todos. Principalmente quando pergunta mais do que deveria. – o homem replicou com voz rude.

- Desculpe-me. Foi apenas uma curiosidade tola.

Todos terminaram seu jantar sem nenhum outro comentário e logo um quarto foi providenciado para os hospedes. Cada um recolheu-se a seus quartos.

- A hostilidade paira no ar em qualquer canto que possamos pisar. Talvez não tenha sido uma boa idéia vir para cá com todo essa crise. Ainda mais sozinhos... Acho melhor deixar essas questões para amanha. A caminhada foi longa, e o cansaço já impõe seu lugar.

O tal soldado já havia terminado de comer enquanto sua senhora falava na intimidade do quarto, e sai deixando-a se preparar para dormir. Uma hora depois, o homem de cabelos loiros aproxima-se do estrangeiro que dormia agachado em frente a porta. Antes mesmo de tocar o ombro do tal estrangeiro, sentiu uma faca em sua garganta. Todo aquele tempo, e ele só estava fingindo dormir:

- Espere, só preciso avisar sobre os perigos a sua senhora.

Antes de pensar em bater na porta, está já se abria:

- Entre. – dizia a jovem dando passagem para o homem loiro para permitir que outros continuassem a dormir. Assim que ele o fez, a jovem fechou a porta e se pronunciou encarando-o – Meio tarde para conversar, não?

- Tem um ar muito confiante, garota. Típico dos verdadeiros nobres lapões.

- E você fala como se fosse íntimo dos nobres.

- Nobres é o que não falta em nossas terras. Alguns perderam seus títulos e terras. No lugar deles surgiram estrangeiros. Foram criados mais títulos apenas para reforçar o poder de nossa regente.

- Que deve ser muito generosa. – comentou a moça com sarcasmo.

- Você não sabe os perigos que cercam este reino. Principalmente para estrangeiros. Todos querem encontrar a princesa Birgitta, que foi enviada a terras longínquas quando ainda era criança. Algumas pessoas a querem encontrar para ganhar a recompensa que a regente disponibilizou. Outros a querem para matá-la, e poucos para que ela tome seu lugar por direito. Dentro de vinte dias, a princesa completará 22 anos, e se não aparecer, o trono será passado para a filha bastarda do falecido rei Alcidamo.

- Não há nada que se possa fazer sobre esta questão? – o rapaz loiro olhou-a com profundidade, e ela continuou, tentando demonstrar falta de interesse – Muito comovente a sua historia, mas acho que se essa princesa ainda existir, jamais voltaria para encontrar-se com a morte.

- Então não me resta outra saída... Como você tem todas as características da nobreza, a desposarei e anunciarei que é nossa princesa.

- Não pode fazer uma coisa dessas. A lei do reino diz que se um homem deseja tomar uma mulher a força, deverá enfrentar seu defensor e ganhar. – ela viu o sorriso satisfeito do rapaz e tentou explicar – O senhor que me ensinou o sami me contou isso para o caso de encontrar um homem inescrupuloso como você.

- Continua a dizer coisas que revelam sua origem, jovem dama. Mas saiba que essa lei não funciona mais neste mundo corrupto.

- Afaste-se de mim ou grito. O soldado entrará aqui e...

Ele ficou surpreso com a forma que ela disse aquilo. Estava mesmo disposta a acordar todos se achasse preciso. Era muito corajosa, afinal sabia que só contava com o estrangeiro para defendê-la. Algo dentro dele fez com que se manifestasse uma profunda admiração por ela:

- Farei de acordo com a antiga lei se isso serve do consolo e deixá-la calma. Tem apenas três dias para encontrar seu defensor.

O homem loiro saiu do quarto e o guerreiro sarraceno observou-o com a visão estreitada. Adentrando o quarto, pôde perceber a agitação em que ela se encontrava.

- Sei que escutou tudo de onde estava e sei que jamais me deixaria correr perigo. No entanto quero pedir que chame Bermondo para ser meu defensor. Sei que tem seu orgulho, mas com o braço ferido receio que perderá mais do que apenas uma batalha.

O guerreiro nada respondeu o que dava a certeza que não se importava com o apelo da jovem. Ela sabia que seria perda de tempo tentar fazer aquela pessoa fazer o que pedia. Tudo o que restava era rezar e esperar que nada de mal aconteça. O guerreiro sentou-se em frente a cama de feno e a jovem deitou esperando que o sono viesse logo. Mal fechara os olhos e já abria novamente. Não foi uma das melhores dormidas que a jovem já tivera. Olhou para a janela vendo que o guerreiro retirava um pequeno pedaço de papel que estava na pata de um falcão. Leu rapidamente a mensagem, e entregou a jovem, saindo logo a seguir com a espada em punho.

Continua...

Finalmente consegui fazer meu primeiro original. Ebaaaaaaaaaa!!! Desculpem por não comentar muito sobre este capítulo, é que to com uma gripe daquelas. Prometo que no próximo escrevo um pouquinho mais.

Bom, espero que tenham gostado.

Até o próximo capítulo.

Bjs

1 comentários:

Anônimo disse...

muito boa essa historia, quero +++++++++++++

:)) ;)) ;;) :D ;) :p :(( :) :( :X =(( :-o :-/ :-* :| 8-} :)] ~x( :-t b-( :-L x( =))

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